quinta-feira, 19 de maio de 2011

Hermeto Pascoal

Jorge Adelar Finatto



De menino eu quisera ser marinheiro. Mas depois, com medo do mar, eu fora é músico, uma orquestra inteira, no meu coração sonhador. A música é um jeito da gente trazer o mundo dentro de si, e todas as vidas, todos os barcos e todas as águas junto. Se alguém procura saber, no hoje (tão longe do menino que eu fui e dos sonhos que não aconteceram) que Villa-Lobos eu quisera ser, neste agora tão medonho da vida e do mundo, então eu dizia, sem remorso nem bazófia: quisera ser Hermeto Pascoal. Não medra esconso  o meu dizer. Quero os versos e os acordes do alvoroço. O amanhecer do humano esforço. Grande Sertão e estelares veredas. Algaravia de sons. Tudo voa e no ar se encontra. Os arranjos do engenho e da arte que o artista faz. Não faço enciclopédia, digo apenas o que sinto, e já não é pouco nessa quirera. Eu quero, sim, os espantos. O cheiro da flor da laranjeira de manhã. Eu quero a hermética, universal, pascoalina melodia.

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Foto: Hermeto Pascoal. Autor: Rique Barbo. 
Fonte: site oficial do artista: http://www.hermetopascoal.com.br/

2 comentários:

  1. Hermeto, o genial albino, tem seu simulacro no rock e noblues nos irmãos Edgar and Jonhny Winter.
    Junto com Egberto Gismonti, Vitor Assis Brasil, Paulo Moura, Moacir Santos e outros grandes levou a música instrumental brasileira a ser respeitada no mundo.
    Tenho alguns discos de Hermeto, mas nunca assisti a uma performance sua. Mas, bem sei do inesperado e do inoniminado que são seus shows.
    Pena, que hoje a indústria cultural previlegie sertanejo, pagodeiros e axezeiros, em contraponto á boa música brasileira e internacional.

    Abraço.

    Ricardo Mainieri

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  2. Amigo Ricardo.

    Ainda bem que temos a música pra alegrar nossa passagem no mundo. Os músicos são irmãos urgentes. Vivam os Villa-Lobos e Hermetos!

    JF

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