quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Zambra para Federico

Jorge Adelar Finatto

Pero yo ya no soy yo,
ni mi casa es ya mi casa.
Compadre, quiero morir
decentemente en mi cama.
(Romance Sonámbulo, Federico García Lorca)

Granada, 13 nov. O que pulsa à sombra das vetustas paredes da Alhambra? A velha cidade rumina o passado enquanto resiste ao presente. Ainda há pouco o vulto de Federico atravessou a Plaza del Carmen. A garoa noturna umedecia os olhos negros gitanos, o sorriso aberto do caballero de fina estampa.

O que pulsa na escuridao à beira da Alhambra? A Federico mataram por política, poder e ódio. A poesia sobreviveu. Nunca a mataram, nao conseguiram apagar . A poesia sobreviveu ao corpo nunca encontrado, à covardia dos assassinos. A poesia sobreviveu à angústia dos últimos momentos diante dos algozes.

A voz do poeta continua entre nós. Federico, viajante do tempo, nos deixou as palavras e a perplexidade do fim. 

O que pulsa em Granada, na noite de garoa e silêncio, é o poema cálido e vermelho de García Lorca.