terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A rua antiga me atravessa

Jorge Adelar Finatto


Colonia del Sacramento, Uruguai. photo: j.finatto


A vida se esconde na rua antiga.
A saudade mora aqui desde antes do mundo ser inventado.
Os passos dos habitantes se ouvem na longínqua estrela.
Quem nos vê, quem nos vale nesse labirinto?
A vida inteira no postigo.
Tantas coisas eu sonho.
Tantas coisas eu sinto.
As pedras da rua antiga são diamantes do oblívio.
O tempo nela escorre feito lágrima.
Ninguém vê essa cicatriz aberta na face do planeta.
Calado observador do fim do mundo.
A rua antiga me atravessa.

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Do livro Calado Observador do fim do mundo, Editora Vésper, Passo dos Ausentes, 2010.

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