sábado, 17 de março de 2012

Primeiro informe do outono

Jorge Adelar Finatto


photo: j.finatto


Uma certa luz

Este é o último sábado de verão. O próximo será outono. Chega ao fim o longo e suado estio. Os primeiros ocres e amarelos surgem nas folhas. É tempo de passagem para uma nova luz. Quaresma. O tempo das quaresmeiras em flor.


Um certo artista

Deus é um artista caprichoso e incomparável. Só ele tem paciência e tempo (a eternidade, no caso) para pintar folha por folha, ramo por ramo, galho por galho com tamanho engenho e arte. E sua caixa de lápis de cor não tem igual no universo.

O que é o fotógrafo da natureza, senão um mero copiador da obra Dele, sem nada pagar de direito autoral?


photo: j.finatto

Que a nova estação nos traga boas notícias nas cartas do vento.


Cavalo-Marinho

Uma das coisas mais bonitas que ouvi ultimamente é a música Cavalo-Marinho, de Cacaso e Nando Carneiro, na linda voz de Rosa Emília. Está no youtube, onde alguém colocou a canção com imagens do nascimento de um cavalo-marinho. Algo raro, emocionante:

 http://www.youtube.com/watch?v=h-jI0bObvVI

O poema de Cacaso é de uma simplicidade tocante:

                            Galopa cavalo marinho
                                    me ensina o caminho
                                    que devo tomar
                                    Solta as crinas no vento
                                    galopa no vento
                                    cavalo do mar

Está no livro Mar de Mineiro (poemas e canções), de 1982.


Balaio de uva na beira da estrada

Nessa época, quem anda pelas estradas da serra costuma encontrar tendas onde se vendem uvas em balaios de vime. Também oferecem queijos, frutas, verduras, embutidos, vinhos, chás, produtos coloniais e artesanais, chapéus de palha, além de boa conversa. As tendas estão à sombra de frondosos plátanos, cujas folhas começam a dourar. Sentir o cheiro e a frescura desses lugares é voltar um pouco na infância. Às vezes, lá longe, uma cascata branca escorre numa escarpa de antiquíssimo basalto.


photo: j.finatto


Milagres

Não acredito muito em milagres, mas que existem, existem. Tanto é que estou/estamos por aqui, em mais um outono de nossas vidas. Considerando as duras vicissitudes e os entrementes, isto não é pouca coisa.