domingo, 25 de novembro de 2012

Fanicos e farfalhas

Jorge Adelar Finatto


photo: Wikipédia. Autor: Jon Sullivan
  


Quem viu alguma vez uma joaninha caminhando na página de um livro ou sobre uma folha verde sabe do que estou falando. É talvez o acontecimento mais importante do universo.

Nenhuma literatura e nenhuma filosofia do mundo valem os passos da joaninha.

Só que pouca gente percebe o engenho e a arte por trás da  construção da frágil joaninha.

Existem muitos outros assuntos importantes para se tratar. Um blog não deve ignorar isso.
 
O fato, contudo, é que me encanto com os farelos do mundo. As coisas pequenas me atraem, as outras me enfadam, quando não revoltam.

Encontro claridade nos fanicos da existência.

Tudo que é breve e pequeno se parece com estar vivo e me interessam sobretudo.

Os verdadeiros e últimos sentidos habitam além das aparências da assim chamada realidade.
 
O mundo silencioso das migalhas me é, por isso, muito caro e diz mais que um tratado ontológico.
 
Quando se perde a palavra, é como se perdêssemos a vida.
 
Na arte, ao menos, podemos sonhar um pouco, levitar acima dos mausoléus e crematórios existenciais. Mas sei também que não podemos viver entre as nuvens.

Deve haver um caminho de passagem entre o porão e a copa das estrelas, entre a imensidão da Via Láctea e os passos humildes da joaninha.

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 Foto de joaninha. Fonte: Wikipédia. Autor: Jon Sullivan (PD-PDphoto.org]