sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Henrique do Valle: obra reunida*

Dia 21 de agosto, às 19 horas, na sede do Instituto Estadual do Livro (Rua André Puente, 318, bairro Independência, Porto Alegre), será lançado o livro Henrique do Valle: obra reunida (440 páginas, R$ 40,00), que traz textos publicados e inéditos do poeta Henrique do Valle (1958 - 1981), com organização, apresentação e notas de Paulo Seben.
 
SOBRE O AUTOR

Foto:
Ana Maria Lopes
de Almeida Bastos
Quem tem mais de cinquenta anos, frequentou o Bom Fim no final da década de 70, gosta de poesia e acompanhou os movimentos culturais daquele período, certamente já ouviu falar de Henrique do Valle, ou "Ike", como era conhecido. Quem tem menos de cinquenta, certamente vai se interessar pelo mais marginal e radical poeta da cena boêmia porto-alegrense dos Anos de Chumbo, morto aos 22 anos. Sua obra é agora resgatada pelo Instituto Estadual do Livro, juntamente com originais inéditos perdidos durante trinta anos.

Sobrinho do presidente deposto João Goulart, Henrique do Valle passou pela traumática experiência do exílio. Já por seu primeiro livro, A espessa verdade/La espesa verdad, publicado em Buenos Aires em 1973, aos 15 anos, foi considerado uma das grandes promessas da poesia no Rio Grande do Sul. Ike publicou ainda mais dois livros em vida: Vazio na carne (1975) e Anotações do tempo (1979); Do lado de fora é obra póstuma, publicada em 1981.

O poeta atormentado mergulhou fundo no álcool e nas drogas, todas elas, em especial o LSD e a maconha, que o levaram a várias internações e até à prisão, vivências transmutadas em poesia amarga, delirante - porém, paradoxalmente, capaz de alcançar uma consciência que superou o maniqueísmo daqueles tempos conflagrados.

Henrique do Valle conseguiu “expressar as aflições, os desesperos, as dúvidas de uma juventude sufragada num mar de acontecimentos convulsos que se debate entre o desejo de encontrar um rumo e a depressão de precoce desengano”, segundo Pedro Vergara. Nesse sentido, Ike era representante da chamada geração de “poetas marginais”, desencantada com o sistema e reprimida pela ditadura militar. Sua poesia está marcada pela denúncia social.
 
No entanto, Jorge Adelar Finatto, amigo do poeta, afirma: “a poesia de Ike é muito mais do que um depoimento de geração, relato de um tempo mau. A obra que deixou tem força interior e qualidade, vale por si, não é datada”.

A obra de Henrique do Valle vem agora a público acrescida de inéditos encontrados com amigos e familiares, numa edição conjunta IEL/Corag, com organização, apresentação e notas de Paulo Seben, professor de Literatura Brasileira na UFRGS.
 

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*Notícia publicada no site do Instituto Estadual do Livro do Rio Grande do Sul: