sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O coração da noite

Jorge Adelar Finatto

photo: jfinatto
 

A noite é breve. Não tenhas medo.

A noite tem pele trevosa e entra por tudo.

Há quem pense que é longa, misteriosa e sinistra.

Mas calma, a escuridão não se demora nos teus olhos, no portão, nas gavetas, nos espelhos, nas portas e nos retratos.

A noite passa. Não penses na morte.

Quem habitou a noite sabe que ela dura um suspiro.

Por isso, não tenhas receio nem te desesperes com a ausência provisória de luz.

A noite é apenas o descanso das seivas.

Só a noite dos loucos e dos moribundos não tem fim. É povoada de angústia, tristeza, dolorosa espera.

Em breve virá o amanhecer como nunca.

Quem vai apagar o breu profundo nos corações?

A pior escuridão é a que vem da alma.
 

4 comentários:

  1. Há que considere a noite, um refúgio. Certa noite, um passeio no jardim, rendeu um poema: Madrugada, mansão inabitada, mousse azul estrelada [...].

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  2. Um passeio no jardim é sempre uma solidão perfumada. Um abraço. Jorge

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  3. Belíssima prosa poética, Adelar. Vou divulgar esta beleza por aí, no ciberespaço. Abração. Ricardo Mainieri

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  4. Ricardo: vindas de ti, são palavras de grande estímulo. Um grande abraço. JF

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