quarta-feira, 11 de março de 2015

Jasmim do meu jardim

Jorge Adelar Finatto
 
photo: jfinatto
 
O jasmineiro é a prova viva de que nem tudo está perdido. E de que pode haver vida em meio ao caos. Ninguém está livre de encontrar uma flor de jasmim pelo caminho e salvar o seu dia.

É preciso resgatar alguma coisa viva entre os escombros.

Do meu jardim vem esse perfume. As pequenas flores brancas gostam de subir pelo tronco das árvores junto ao escritório.
 
Em tempos de crise profunda, o jasmineiro funciona normalmente, suas flores espalham aroma e graça, sem nada exigir em troca.

Bem-vindas, criaturas de luz e bondade!

É talvez egoísta falar do próprio jardim num momento desses. Mas hoje eu não consigo falar de outra coisa. O mundo está nublado. Por aqui, o Brasil derrapou na curva e saiu da estrada.

Há um sentimento estranho no ar. Não consigo vislumbrar claridade e esperança. Só vejo breu.

Mas o tempo ensina que tudo passa.
 
Enquanto não, eu falo de flores. Desculpem. Se aí do outro lado você consegue sentir um pouco desse perfume e dessa frescura, eu me dou por satisfeito.

O sujeito pode andar desiludido, cansado, revoltado com tanta corrupção no país e com tanta falta de vergonha na cara, pode até querer ir embora ou partir num foguete para as estrelas, mas ainda assim nunca poderá ignorar o perfume etéreo do jasmim (serve ao menos de consolo nessa hora tremenda).

O jasmim é a clara evidência de que, apesar de tudo, ainda há validade na vida. Ele existe para nos levantar do subsolo, iluminar esses dias cinzas e repletos de incerteza.