sexta-feira, 3 de abril de 2015

A manhã expulsa a escuridão

Jorge Adelar Finatto
 
photo: jfinatto

É muito triste andar só, embora a gente esteja quase sempre sozinho.

Nunca nos falte essa luz, Maria, a do espírito. Sim, essa que nos guia pelos caminhos sombrosos do treva-mundo.
 
Pode faltar o pão, mas não nos falte a luz interior. A escuridão mata, porque através dela nada podemos encontrar e já não somos encontrados.
 
A escuridão é o oposto do respirar claro, Maria, é o contrário do sol, do calor humano e da presença de Deus.
 
O que eu mais quero na vida é claridade, como a que eu sentia quando pegava na tua mão naquela hora em que tudo em volta era motivo de aflição.
 
Procuro luz para admirar as coisas do mundo, para enxergar o semelhante, para ter encanto na vida.
 
Luz pra desviar das armadilhas, dos monstros noturnos e diurnos, dos abismos.
 
Noite é bom pra conversar na varanda, olhar a luz das estrelas e da Lua. Sonhar e esperar o amanhecer.

É muito triste andar só, embora a gente esteja quase sempre sozinho.

Se tiver que caminhar no escuro um dia desses, que pelo menos os vaga-lumes apareçam. 
 
De tanta escuridão neste mundo estou bem farto.

Por favor, Maria, não deixe que anoiteça sobre mim. Mas se tiver que acontecer, me dê a tua mão na hora de apagar a luz e fechar a porta.