quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Rua sem sol

Jorge Finatto
 
photo: jfinatto
 
Os antepassados
negros e italianos
rasgaram o oceano
para que eu estivesse

aqui no futuro
olhando o fim de tarde
no horizonte dos muros

não possuo do imigrante branco
a esperança eldorada
nem a saudade triste do preto
em pranto mastigada

sou apenas um homem mestiço
olhando o movimento dos barcos

agora que a noite cai
sobre a cidade
e me surpreendo sonhando
com a fuga
por uma rua sem sol

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Do livro O Fazedor de Auroras, Instituto Estadual do Livro, Porto Alegre, 1990.
 

2 comentários:

  1. Os orientais tem esta amorosidade de cultuar seus antepassados. Neste teu poema, com muito lirismo, traz estas marcas para o conhecimento do leitor. E ficou muito bom. Abraço.

    Ricardo Mainieri

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    1. As boas recordações nos fortalecem ante o presente de sofrimento. Os que vieram antes de nós nos passaram valores que nos alimentam. Que Deus proteja a todos. Abraço.

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