sexta-feira, 19 de março de 2010

Três poemas

Jorge Adelar Finatto

VERDE

Das minhas cinzas faço um verde
nesse verde nasce um menino
eu sou o menino que acompanha este menino

somos filhos da fome do dia
como os potros que morreram cedo
nossos irmãos

na nossa rua nenhum deus mora
eis porque choramos quando o dia acaba
ou brilhamos como duas adagas ao sol

nossa canção
a invasão dos dias
nossa matéria
o que está na sombra e não tem nome




EVOCAÇÃO DE RILKE

Quem tomará a minha mão
na noite de vermes
quando o asco me derruba
feito cão pela esquina

quem de coração amigo
chegará para beber a gota
de ternura estrangulada

quem me chamará de irmão
na dor imensa
quando o medo me acerta
com suas espadas de fogo




TODO VIVENTE CARREGA

Todo vivente carrega
seu fardo de solidão
nas entranhas
cheiros rudes no corpo
primaveras esquecidas
na caduquice da memória

se eu prossigo
no caminho
não se iludam
é pura teimosia

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Poemas do livro Claridade, de Jorge Finatto. Prefeitura Municipal de Porto Alegre, 1983.
Ilustrações: Maria Izabel Carbunck Schissi

quinta-feira, 18 de março de 2010

O testemunho dos livros

Jorge Adelar Finatto



Os livros que nos acompanham pela vida são testemunhas da nossa história. De certa forma, somos feitos dos livros que lemos, e eles fazem parte do nosso ser.

O tecido das manhãs com que foi escrito Vagamundo ainda está presente nas suas páginas. O pequeno/grande livro está na minha estante há muitos anos, mas parece que chegou na semana passada. Difícil descrever o que senti ao ler os contos do volume de 96 páginas do uruguaio Eduardo Galeano. São contos, mas também podem ser chamados poemas. É uma dessas obras inesquecíveis.

Na parte interna da orelha esquerda, o registro do tempo em que o comprei: setembro de 1978. Um pedaço de mim está nesse livro como está nas páginas de tantos outros que me ajudaram a respirar naquele período sufocante, num país doente, num continente afundado em ditaduras, inclusive a de Cuba, que muitos de nós, naquele momento, víamos com outro olhar. Achávamos o sistema cubano justo e necessário.

Um engano, entre tantos, olhando com olhos de hoje. A ditadura cubana, que é uma tirania, está no poder desde 1959. O país não tem liberdade, a pobreza vive nas casas e nas ruas, e as pessoas que procuram mudar a realidade são presas ou mortas, como no recente caso do dissidente político Orlando Zapata Tamayo, que morreu após 85 dias de greve de fome.

De qualquer modo, escritores como Eduardo Galeano alimentaram e alimentam nosso sonho e nosso ideal de uma sociedade mais humana, democrática e muito mais justa. Isto é inspirador em qualquer época, independente de nossos enganos.
 
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Vagamundo, Eduardo Galeano. Editora Paz e Terra, tradução de Eric Nepomuceno, 2ª edição, Rio de Janeiro, 1977. Com texto de apresentação de Otto Maria Carpeaux.
 

quarta-feira, 17 de março de 2010

Homem com naufrágio dentro

Jorge Adelar Finatto



O homem morava dentro do escafandro.
Os peixes o acompanhavam aonde quer que fosse.
Habitava o território de uma aquarela marinha.
As tardes povoadas de barcos, gaivotas, ventos, búzios.
Ela partiu certa manhã para um giro em torno da ilha onde viviam.
Gostava de ouvir o rumor azul do mar batendo nas pedras.
Nunca mais retornou.
O homem foi mirar os longes na beira do alto penhasco.
A barba cresceu, o tempo misturou as folhas do calendário, enquanto ele esperava.
A lágrima verteu cálida sobre a face fria.
Ele foi então morar no interior do escafandro.
Homem com naufrágio dentro.
Ela estava deitada no leito submerso do seu coração.
Nada em sua nudez lembrava a cálida presença.
O rosto parecia sereno, feliz.
Os cabelos flutuavam como anêmona.
Ele quis morar com ela no fundo das águas.
O irremediável abismo o chamava.
Muitas noites adormeceu com a esperança de não acordar.
Os peixes desenhavam coloridos traços ao redor do homem para despertá-lo.
Um dia ele acordou nas profundezas da manhã austral.
Uma força impressionante puxou o escafandro, ele enfim subiu,
arrastando suas correntes.
A praia vazia, as palmeiras, o horizonte.
A voz dela se distanciando na trompa dos búzios.
O homem saiu a andar na praia deserta da aquarela.
O que ele fez para suportar todas as manhãs que vieram depois? É um segredo que só os cavalos-marinhos e as anêmonas conhecem.

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Foto: J. Finatto. Escafandro utilizado por velhos marinheiros da Fragata Sarmiento, hoje museu naval, em Puerto Madero, Buenos Aires.
 

Vivo, vivíssimo*

José Saramago

Intento ser, à minha maneira, um estóico prático, mas a indiferença como condição de felicidade nunca teve lugar na minha vida, e se é certo que procuro obstinadamente o sossego do espírito, certo é também que não me libertei nem pretendo libertar-me das paixões. Trato de habituar-me sem excessivo dramatismo à ideia de que o corpo não só é finível, como de certo modo é já, em cada momento, finito. Que importância tem isso, porém, se cada gesto, cada palavra, cada emoção são capazes de negar, também em cada momento, essa finitude? Em verdade, sinto-me vivo, vivíssimo, quando, por uma razão ou por outra, tenho de falar da morte…

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*O Caderno de Saramago.
Texto de 18/11/2008.
http://caderno.josesaramago.org/.
Fundação José Saramago
http://www.josesaramago.org/

terça-feira, 16 de março de 2010

Grupo Sanguinovo

Jorge Adelar Finatto


Estive em São Paulo pela primeira vez em 1979. O motivo da viagem era conhecer de perto os integrantes do Grupo Sanguinovo, que só conhecia por cartas. O poeta Antonio Carlos Lucena, o Touchê, foi um dos idealizadores do movimento. Era um querido amigo e parceiro. Morreu precocemente em 1985.

O Sanguinovo organizou passeatas poéticas em São Paulo, intervenções em lugares públicos, lançamentos de obras, leituras de poemas, e aproximou gente do Brasil inteiro. O Sanguinovo lutava pela democratização do país, queria a livre circulação da arte e da poesia.  O tempo difícil da ditadura exigia fé, coragem e criatividade. Era comum o pessoal mostrar e vender o trabalho do grupo na rua, em bares, festas, reuniões, eventos.  

Touchê criou, entre tantas coisas, os poemas do poste, que eram cartazes com textos de cinco ou seis autores cada um. Era um jeito diferente de mostrar a poesia. O suporte eram os postes de iluminação da cidade. A população gostou, a ideia fez sucesso. Na época, a imprensa ainda abria espaço a esse tipo de manifestação.

Participei do Poema do Poste nº 6, lançado em setembro de 1980. A publicação teve apoio da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, sendo impressa na Gráfica Municipal.

O meu primeiro livrinho de poemas, Viveiro, saiu pelo Sanguinovo em 1981, com noite de autógrafos (!) no Spazio Pirandello, o lugar cult da cidade na época. Na ocasião também foi lançado um livro da poeta Leila Míccolis, outra amiga  e incentivadora do grupo. Aliás, Leila fez uma das apresentações do Viveiro. A outra foi escrita por Heitor Saldanha.  O meu pequeno livro só foi possível graças à participação do poeta Touchê, que tinha um invulgar talento criativo e enorme capacidade de agregação.

Como não havia email, as comunicações entre os integrantes do grupo eram feitas por carta. Durante muitos anos eu tive uma caixa-postal na agência central do correio em Porto Alegre.

Havia muita vida naquelas cartas, muitas trocas, muita amizade. Notícias de sonhos e realidade chegavam e partiam nas malas postais.

Um tempo de esperança e pequenas gentilezas que fazia tão bem.

Cheguei, então, na rodoviária de São Paulo. Como não conhecia nada nem ninguém, saí andando, apenas com um endereço no bolso. Acabei na frente da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo.

Estava estacionada ali perto uma viatura da então muito temida Rota, da Polícia Militar de São Paulo. Havia nela dois policiais. Desceu um deles e veio em minha direção. Eu estava vestindo roupa de brim, tênis, o velho bornal ao ombro, uma mochila. Me perguntou se estava tudo bem, iniciou uma conversa. Eu fiquei frio, e fui sincero: preciso ir neste endereço e não sei como fazer. Expliquei que tinha acabado de chegar de Porto Alegre.

O soldado então me convidou a entrar na viatura. Disse que me levariam até aquele lugar. Entrei, embora desconfiado e estranhando tanta gentileza por parte de policiais, incomum ou inexistente em plena ditadura. Acho que andamos uns 20 minutos. A conversa foi agradável, amenidades. Os policiais me deixaram na frente da casa, que ficava em Vila Madalena, bairro de intelectuais e artistas. Nos despedimos com um aperto de mão.

Mais tarde contei o acontecido às pessoas da casa - artistas pásticos, músicos, escritores, professores - que não acreditaram na minha história. Onde já se viu aquele tipo de gentileza? Custei muito a convencê-los.

Num outro dia, durante aquela viagem, caminhava pela rua quando caiu uma forte chuva. Me abriguei sob o pequeno toldo de uma fruteira. A dona, uma senhora que parecia japonesa, veio lá de dentro e me convidou a entrar. Eu agradeci, disse que não, não queria incomodar. Ela foi lá dentro. Em seguida voltou e me entregou um guarda-chuva para me proteger melhor. Esperei uns quinze minutos até a chuva passar. Entrei, devolvi o guarda-chuva e agradeci. Me despedi. Ela sorriu e desejou tudo de bom.

Na noite em que retornei, caía uma garoa e havia uma leve neblina em São Paulo. Dentro do ônibus, olhando lá fora as ruas da cidade, tive a impressão de ver Mário de Andrade numa esquina, com os óculos redondos, terno e gravata. Segurava um guarda-chuva numa da mãos. Com a outra, me acenou sorrindo.

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Foto: J. Finatto. Poema do Poste nº 6. Grupo Sanguinovo, São Paulo, setembro, 1980.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Pharol de Santa Martha

Jorge Adelar Finatto


Um dos grandes fotógrafos brasileiros, Eduardo Tavares estará autografando seu livro Pharol de Santa Martha, na próxima quarta-feira, 17 de março, a partir das 19h30min, na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que fica na Rua Ramiro Barcelos, 2705, atrás do Planetário, em Porto Alegre.

A publicação resulta da conviência amorosa do autor com o antigo farol de 1890, cujo nome original era assim mesmo, com ph e th.  Desde 1982 Tavares frequenta o local, situado a 15 km de Laguna, Santa Catarina.

Sempre que pode, ele ocupa uma casinha do Morro do Céu e de lá observa a maravilha. São praias, lagoas, dunas, sambaquis, a flora e a fauna, a vila e seu povo, a pesca, o turismo, o farol iluminando tudo no inverno e no verão. Eduardo remete o leitor a esse ambiente único e também conta a história do lugar.

O livro  tem formato elegante, 264 fotos coloridas e texto do próprio autor. São 68 páginas de beleza e sensibilidade, em papel cuchê, pelo preço de R$ 35,00. Pedidos podem ser feitos pelo email ete@terra.com.br.

Jornalista com notável currículo, Eduardo lecionou na UFRGS e trabalhou em revistas como Veja e Manchete, entre outras.

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Foto: Eduardo Tavares

A solidão segundo Heitor dos Crepúsculos

Jorge Adelar Finatto

 


Somos poucos e invisíveis. Habitamos os Campos de Cima do Esquecimento.
 
O outono amadurece nas ruas da velha cidade. É quando, no silêncio de antigos retratos, as imagens ganham vida própria e passam a viver outra existência. Um certo rumor habita o silêncio.

O fantasma-mor de Passo dos Ausentes diz que desistiu de aparecer e desaparecer no ar feito nuvem de neblina. Heitor dos Crepúsculos afirma que o motivo é simples: a canseira que isso lhe dá.

- Materializar-se, desmaterializar-se, não apenas cansa, como é parte de um formalismo que perdeu a razão de ser neste lugar, - declara.

- É um ritual desnecessário em Passo dos Ausentes, onde todos padecem do fenômeno da invisibilidade.  A cidade e seus habitantes nem ao menos figuram no mapa do Rio Grande do Sul, - constata Heitor.

O nosso lugar no universo é um mistério.
 
Somos personagens de um mundo em extinção.

A cidade não existe oficialmente, apesar dos inúmeros pedidos nesse sentido feitos ao Estado ao longo do tempo, todos denegados. E, no entanto, somos uma das cidades mais antigas da Província de São Pedro. Surgimos logo depois da destruição da Missão de São Miguel Arcanjo pelos exércitos de Espanha e Portugal. Essa história já abordamos no documento A cidade perdida: as origens, neste mesmo espaço.




As pessoas nada sabem da nossa cultura, das nossas origens, do nosso sentimento e da nossa história. Vivemos isolados. Em parte devido às difíceis condições de acesso pelas encostas das montanhas. Também influi o fato de sermos uma pequena comunidade com cada vez menos habitantes. Um outro aspecto tem a ver com a indiferença dos governantes e dos meios de comunicação, que só vêem o que lhes interessa.

Simplesmente não nos vêem, não nos conhecem, não nos sentem.

A Sociedade Histórica, Literária, Filosófica, Geográfica, Artística, Geológica e Astronômica de Passo dos Ausentes, presidida pelo filósofo Don Sigofredo de Alcantis, decidiu incluir Passo dos Ausentes na carta estelar da constelação de Atlântida, como forma de melhorar a nossa autoestima. É onde hoje figuramos no universo.

De certo modo Heitor tem razão de abandonar certas formalidades fantasmagóricas na Terra dos Ausentes. Anda pelas ruas como um de nós. Ninguém estranha.

A única norma fantásmica da qual Heitor não abre mão é a que diz respeito a jamais deixar-se fotografar. Isso, segundo afirma, seria expor-se demasiado, até mesmo para um fantasma com costumes e idéias liberais como ele.

O lugar preferido de Heitor dos Crepúsculos, na verdade, são dois.

Um deles é o Café Somos Poucos, um recanto aprazível, com gerânios nas janelas, perto da Praça do Esquecimento. Ali se pode tomar o delicioso cappuccino dos suspiros, acompanhado do inefável sonho do oblívio.

Heitor senta-se no fundo do café. A pequena mesa fica ao lado de uma janela que tem sempre metade da veneziana fechada, a seu pedido.

- Gosto de ficar aqui lendo, é o meu ponto de observação das palmeiras, da estrada de ferro e das ausências que povoam esse não-lugar - observa.
 
O outro lugar de Heitor dos Crepúsculos é a velha estação de trem abandonada. Está desativada desde 1951. A antiga maria-fumaça permanece na gare, como nos tempos dos trens de passageiros. Mas nunca ninguém mais viajou como antes.

Dos Crepúsculos aparece na estação, nas tardes cinzentas, pra conversar com seu amigo Juan Niebla, 86 anos, músico cego que toca bandoneón pra alegrar os invisíveis passageiros que não chegam mais. Niebla, apesar disso, não abandona o cargo público para o qual fez concurso e foi nomeado aos 15 anos, em 1927, ficando cego logo em seguida. Permanece no seu posto aguardando a volta do trem de ferro.
 
- No dia em que o trem voltar a nossa cidade, subindo as íngremes montanhas outra vez, estarei aqui para receber os viajantes - diz ele.

Às vezes, Niebla e Heitor saem a caminhar sobre os dormentes até desaparecer na névoa que aqui em Passo dos Ausentes é permanente. Em certas ocasiões, Heitor faz movimentar a maria-fumaça e eles saem em breves passeios pelo caminho dos pinheiros, na margem sinuosa do Rio da Ausência.
 



O trem, que nunca mais desceu os temerários paredões de basalto da Serra dos Ausentes, contorna perigosos peraus nas cercanias da cidade, descortinando ao longe uma das mais belas vistas do planeta. O trem fantasma depois volta para seu lugar na estação.

Numa de nossas conversas, Heitor dos Crepúsculos confidenciou o quanto a solidão lhe pesa no coração.

O fantasma gosta de me visitar vestindo o negro capote, nos dias de chuva, no escritório.

- Como já disse uma vez, um fantasma só se torna fantasma porque ama a vida e não aceita volatilizar-se em definitivo. Sonha a impossível permanência entre os vivos. Sempre me sinto sozinho, o que não é de espantar para alguém que se matou, num momento de bobeira, aos 27 anos. O anoitecer é o pior momento do meu dia. Queria ter sido uma pessoa mais leve, mais feliz, com mais fé. O que se há de fazer?
 
Continua Heitor:

- À noite é quando fica mais escuro dentro da minha alma. Saio a me procurar pelos corredores, escadas e sótãos do meu ser abandonado. Sinto essa falta de ser que sempre me acompanhou. Durmo por exaustão, é como cair num poço. É estranho como certas ausências nos acompanham pela vida e atravessam o umbral conosco.

- A noite me invade e me desconcerta. Esse frio e esse vento me habitam. Vivi, vivo (modo de dizer) no chapadão dos Campos de Cima do Esquecimento. Um tempo sem relógios.
 
- Os dias caem do calendário como as folhas no outono.

- Nasci em Passo dos Ausentes, aqui me criei.  O meu melhor amigo sempre foi Juan Niebla. Não me evita como os outros.

Niebla costuma dizer:

"Pra mim, nunca morreste, Heitorzinho. Não sei se és um fantasma como dizem, nessa altura pouco me interessa. Se fores, tanto faz. Sou músico e sou cego, moro nessa lonjura, um pouco fantasma também. O importante é que me visitas. Como vês, aqui na estação tudo é muito solitário. Sou eu, meu bandoneón e este banco. Ainda bem que estás por perto.
 
"Acho que somos todos uns desarraigados neste mundo, uns pobres coitados, cada um traz o irremediável dentro de si, só que uns escondem melhor o desamparo do que os outros".

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A cidade perdida: as origens:
http://ofazedordeauroras.blogspot.com.br/2012/06/cidade-perdida-as-origens.html

Um fantasma quer conversar:
http://ofazedordeauroras.blogspot.com.br/2011/05/um-velho-fantasma-quer-conversar.html

A claridade do coração:
http://ofazedordeauroras.blogspot.com.br/2012/04/claridade-do-coracao.html