segunda-feira, 19 de abril de 2010

A passagem do umbral

Jorge Adelar Finatto


O pássaro amanheceu cantando num galho seco dentro de mim. Não sei de onde veio. Por causa do pássaro saí à rua na manhã de chuva.  Em seu louvor fui até a praça. Fiquei ouvindo o vento nos cabelos, respirei o amarelo.  Agora quando o medo chega, a melancolia dos entretons, eu abro a porta e vou. Vou ao encontro dos ocres do outono com o pássaro. Ele anda solto nas árvores, nos fios de luz. Às vezes entra no bolso do meu casaco. O pássaro tece delicadas aquarelas com seu canto. São traços de um pintor amoroso. Eu reconheço sua assinatura nas partituras. Não importa o barulho dos motores e das bocas que não param de falar. Folhas secas do outono. Folhas secas das almas. O pássaro leva no bico o canto, a semente, a esperança. O toque suave do amanhecer. O pássaro dentro de cada um. Mel escorrendo na paisagem de abril. Não importa a solidão geral, a insensibilidade glorificada. Estou habitado. O pássaro encontra em mim o abrigo. Eu cuido do pássaro. Ele cuida de mim. Vem de secretos bosques, vem de auroras estelares essa harmonia que enche o coração.  As seivas se recolhem. A transição. A claridade de um anjo ilumina a porta. A previsível passagem. O umbral.

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Foto: J. Finatto

sábado, 17 de abril de 2010

Meu encontro com Walt Whitman

Jorge Adelar Finatto


O trabalho mudou minha vida de cenário muitas vezes. Faz muito tempo morei numa cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul. O lugar se resumia a uma igreja católica e outra protestante, algumas ruas e casas. Em volta, a mata. Em certas tardes, eu saía a andar por estradas de chão, solitárias e com aroma silvestre.

Caminhar assim é como andar dentro de si mesmo.

Num dia de sol e frio eu percorria um desses caminhos. Um córrego prateado corria na margem. Numa curva em frente, entre os plátanos, apareceu um homem. Quando nos cruzamos ele me cumprimentou, em silêncio, fazendo um gentil movimento com a cabeça, que eu retribuí. Ele tinha uma barba branca abundante, uns olhos pequenos muito azuis, o cabelo na altura dos ombros. Usava um chapéu escuro com largas abas, a face um tanto rosada. Vestia um velho casaco, a camisa abotoada até o pescoço. Trazia um livro na mão esquerda.

Eu tive quase certeza de que se tratava do poeta norte-americano Walt Whitman (1819 – 1892).

Fiquei orgulhoso de estar ali, pisando o mesmo chão que o grande Walt. Seria o espectro do poeta o que eu vira? Seria alguém muito parecido?

Encontrei-o em outras duas ocasiões. Como da primeira vez, éramos só nós, a estrada verde, a brisa e o rumor do córrego. Fiquei observando o poeta. Ele entrava num desvio lateral da estrada, subia uns cinquenta metros em direção a uma  pequena casa de madeira.

A casa era muito branca e delicada. Era de um azul pálido, puxando para o cinza. Sozinha, lá no alto, mostrava cortinas azuis nas janelas abertas, e flores, muitas flores da estação  no breve jardim em volta.

Walt entrava pela porta dos fundos e desaparecia.

Uma chaminé de alumínio saía pelo telhado.

Pensei em conversar com o poeta. Talvez ele até dissesse alguns versos de Folhas da Relva, sua obra-prima. Mas não. Achei melhor não incomodar. Afinal, os poetas trabalham enquanto caminham em silêncio por estradas de chão.

Um dia chegou o tempo de ir embora da cidade pequena.

A vida seguiu, muitos caminhos eu percorri depois. Mas nunca esqueci que, em certas tardes, numa cidadezinha do interior, eu caminhei na mesma estrada por onde andava Walt Whitman.

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Transbordante de Vida
Walt Whitman

Agora, transbordante de vida, sólido, visível,
No ano quarenta de minha existência, no ano oitenta e três dos Estados,
A alguém que viverá dentro de um século, ou em qualquer número de séculos,
A vós, que ainda não haveis nascido, dedico estes cantos, esforço-me por
alcançar-vos.
Quando lerdes, eu que sou agora visível, hei-de ter-me tornado invisível; então sereis vós, denso e visível, quem lerá os meus poemas, quem se esforçará por compreendê-los,
A imaginar quão felizes seríeis se me fora dado estar ao vosso lado e converter-me em vosso camarada;
Que seja, pois, como se eu estivesse. (Não duvideis demasiadamente que não esteja então ao vosso lado).

Poema extraído de O Livro de Ouro da Poesia dos Estados Unidos, coletânea de poemas organizada por Oswaldino Marques, edição bilíngue, Ediouro, tradução de Manuel Ferreira Santos.

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Foto de Walt Whitman feita em 1887, por George C. Cox.
Fonte: Wikipédia.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O barbeiro de Fernando Pessoa

Jorge Adelar Finatto



Fernando Pessoa (1888-1935) habita um quarto do apartamento do primeiro andar, lado direito, do edifício nº 16 da Rua Coelho da Rocha, no bairro Campo de Ourique, em Lisboa.  Cuida da aparência e dos fatos (ternos), que compra de bons fornecedores, apesar das sérias dificuldades financeiras. O que ganha trabalhando para casas comerciais, como responsável pela correspondência em inglês e francês, é insuficiente. 

Costuma frequentar a Barbearia Seixas, quase na frente do edifício onde mora. Para lá se dirige seguidamente. Quando a única cadeira está ocupada por outro cliente, o poeta faz um discreto gesto, uma senha para o barbeiro Manassés. Este, tão logo se desocupa, dirige-se ao apartamento onde Fernando vive na companhia da irmã, do cunhado e da sobrinha. A visita de Manassés tanto pode ocorrer de dia como à noite.


A pequena sala abre a porta de madeira marrom sobre a calçada. Faz parte de um prédio antigo, castigado. Trata-se, hoje, de uma oficina de equipamentos de som. Nesse território perdido no tempo, encontro o senhor António Seixas, quase octogenário, que vem a ser o responsável técnico (ou será melhor dizer o alquimista?) do estabelecimento. É o filho de Manassés.*

No local exíguo, acumulam-se muitos aparelhos. Não existe uma ordem aparente. Mover-se, ali, requer estreitamento de ombros e movimentos de cintura. Coisa difícil.

Peço licença para entrar. António me recebe com um sorriso. Revela-se gentil no trato, tem excelente disposição física e boa memória.

Encantado pelos sons mágicos que brotam das caixas lumisosas, António Seixas não seguiu a profissão do pai, que ali se estabeleceu há mais de oitenta anos.

O menino António, com cinco, seis anos de idade, muitas vezes acompanhou Manassés até o quarto do Senhor Pessoa (assim refere-se ao poeta). Faço perguntas a respeito dessas incursões. António não é mesquinho nas respostas. Ao contrário, demonstra satisfação em recordar aquele tempo e a relação do pai com Pessoa.

Fernando mudou-se para a Rua Coelho da Rocha em 1920, tendo ele próprio alugado o imóvel. Cansado de perambular por quartos de aluguel e de parentes em Lisboa, fixa naquele apartamento e naquela rua o seu lugar de viver, o recanto de aconchego físico e emocional que lhe dará condições de desenvolver o trabalho literário num dos períodos mais produtivos.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Barcos, ilhas desertas, flores, abismos

Jorge Adelar Finatto


Uma vez embarquei numa traineira, num clube náutico em Porto Alegre, e, junto com outras pessoas, saímos num passeio pelo Guaíba. O barco levantou âncora num sábado de manhã cedo. Passamos o dia a navegar, indo até o Farol de Itapoã, no início da Lagoa dos Patos. No caminho, descemos em algumas ilhas e paramos em belos lugares para um banho de rio.

Aquele barco deixou de fazer esse passeio. Pelo que sei, só restaram as embarcações tradicionais, que saem do centro da cidade, e ficam no seu entorno em resumidos roteiros. Com elas, pelo trajeto limitado, muito pouco podemos conhecer do rio, suas ilhas, seus encantos.

A relação do porto-alegrense com o Guaíba é quase inexistente.

Poucos rios no mundo são tão bonitos. Essa beleza toda fica ali pulsando na nossa frente. E nada fazemos, além de poluir.

No tempo de menino, lembro que muitas famílias rumavam, lá pelas quatro, cinco da tarde, para a praia que havia ali no Gasômetro. Naquele lugar onde hoje fica o Parque Harmonia, ao lado da Chaminé, na entrada do porto. Era uma coisa viva e colorida: guarda-sóis, toalhas, brinquedos, bóias, baldinhos. Todo mundo se divertia e aproveitava. Barcos passavam ao largo. Havia diversas outras praias na cidade: Pedra Redonda, Ipanema, Guarujá, Lami, etc.

Um dia, quem sabe, vão limpar as águas. Antigos meninos e meninas voltarão a tomar banho e a se encontrar outra vez nas mansas praias.


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Coração louco

Um bom cinema esse Coração Louco (Crazy Heart). O filme conta a história de um talentoso músico envolvido com alcoolismo e outras prisões existenciais. A vida não é só abandono e tristeza. Às vezes pessoas boas surgem no nosso caminho e nos emprestam asas para voarmos sobre o abismo, abismos. Direção de Scott Cooper, tendo Jeff Bridges no papel principal.


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Estadão

Ninguém me perguntou, mas vou logo dizendo que o meu jornal preferido no fim de semana é O Estado de São Paulo, o velho e conservador estadão. Alguma coisa aconteceu nos últimos dois meses, o jornal está muito bom na parte que mais gosto, cultura, aí incluídos teatro, cinema, literatura, artes plásticas, artigos e pequenos ensaios de assuntos diversos, escritos por gente qualificada (vale dizer, se fazem entender por leigos como eu, sem prejuízo do bom conteúdo). Claro, nem tudo se ama, mesmo nos amores mais incendiados. Mas se eu tivesse de escolher um jornal, hoje, pra levar para a minha ilha deserta, seria esse.


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Cravos, lírios

Uma flor encantadora, o cravo, tão difícil de encontrar. O seu perfume é algo. Estou certo de que no paraíso os anjos devem cultivar cravos. O valor aromático se soma ao estético. Dois cravos vermelhos e outros dois brancos, num vaso, podem salvar um relacionamento. Ou simplesmente maravilhar o ambiente. Tenho encontrado cravos, às sextas-feiras, frescos e perfumados, no Supermercado Zaffari. Como vê o caro leitor, leitora, se esse blog tivesse fim comercial e aceitasse patrocínios, eu estaria rico ou perto disso...

Pra não dizerem que não falei de lírios, ele são lindos e o perfume é inacreditável. Boas flores e bons dias a todos.

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Foto: J. Finatto.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Somos os que estão por aí

Jorge Adelar Finatto


O mundo é um hospício sem muro. Estão todos soltos. A loucura é herança bem dividida entre os humanos. As partilhas registradas nos livros do existir. A pessoa precisa ter reservas de luz pra suportar tanta escuridão.

Somos os que estão por aí. Os por enquanto. A gente mói e é moído. O que acha? O moinho triste da vida. Tem ser vivente que passa a existência sem receber um afago, um ora-veja. Os que. Pra eles não existe vem-cá-meu-bem. Só pedra, pedras.

O mundo não presta atenção nos sem-afeto. Os esquecidos jazem no fundão. Os outros, quando muito, vivem pra si. Os que se acham. As almas duras. Corações secos.

O moinho pesado gira no escuro. Caminho de sombras.

Às vezes um resolve resilir o contrato com o eterno. Quase ninguém nota o último ato do infeliz. Nenhuma flor se colhe em sua difícil memória. Nenhum pensamento. As indiferenças. Os giros insensíveis da roda de fazer pó e esquecimento.

Viver são uns suspiros. Alguns poucos levam a lanterna na mão. Esses, ao menos, ainda choram, se comovem, não se conformam, lutam, amam. Fazem os caminhos. Por eles a aurora tece os fios rosados do amanhecer.

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Foto: J. Finatto. Folhas de plátano em Passo dos Ausentes.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Sobre Fernando Pessoa*

José Saramago


Era um homem que sabia idiomas e fazia versos. Ganhou o pão e o vinho pondo palavras no lugar de palavras, fez versos como os versos se fazem, como se fosse a primeira vez. Começou por se chamar Fernando, pessoa como toda a gente. Um dia lembrou-se de anunciar o aparecimento iminente de um super-Camões, um camões muito maior que o antigo, mas, sendo uma pessoa conhecidamente discreta, que soía andar pelos Douradores de gabardina clara, gravata de lacinho e chapéu sem plumas, não disse que o super-Camões era ele próprio. Afinal, um super-Camões não vai além de ser um camões maior, e ele estava de reserva para ser Fernando Pessoas, fenómeno nunca visto antes em Portugal. Naturalmente, a sua vida era feita de dias, e dos dias sabemos nós que são iguais mas não se repetem, por isso não surpreende que em um desses, ao passar Fernando diante de um espelho, nele tivesse percebido, de relance, outra pessoa. Pensou que havia sido mais uma ilusão de óptica, das que sempre estão a acontecer sem que lhes prestemos atenção, ou que o último copo de aguardente lhe assentara mal no fígado e na cabeça, mas, à cautela, deu um passo atrás para confirmar se, como é voz corrente, os espelhos não se enganam quando mostram. Pelo menos este tinha-se enganado: havia um homem a olhar de dentro do espelho, e esse homem não era Fernando Pessoa. Era até um pouco mais baixo, tinha a cara a puxar para o moreno, toda ela rapada. Com um movimento inconsciente, Fernando levou a mão ao lábio superior, depois respirou fundo com infantil alívio, o bigode estava lá. Muita coisa se pode esperar de figuras que apareçam nos espelhos, menos que falem. E porque estes, Fernando e a imagem que não era a sua, não iriam ficar ali eternamente a olhar-se, Fernando Pessoa disse: “Chamo-me Ricardo Reis”. O outro sorriu, assentiu com a cabeça e desapareceu. Durante um momento, o espelho ficou vazio, nu, mas logo a seguir outra imagem surgiu, a de um homem magro, pálido, com aspecto de quem não vai ter muita vida para viver. A Fernando pareceu-lhe que este deveria ter sido o primeiro, porém não fez qualquer comentário, só disse: “Chamo-me Alberto Caeiro”. O outro não sorriu, acenou apenas, frouxamente, concordando, e foi-se embora. Fernando Pessoa deixou-se ficar à espera, sempre tinha ouvido dizer que não há duas sem três. A terceira figura tardou uns segundos, era um homem daqueles que exibem saúde para dar e vender, com o ar inconfundível de engenheiro diplomado em Inglaterra. Fernando disse: “Chamo-me Álvaro de Campos”, mas desta vez não esperou que a imagem desaparecesse do espelho, afastou-se ele, provavelmente tinha-se cansado de ter sido tantos em tão pouco tempo. Nessa noite, madrugada alta, Fernando Pessoa acordou a pensar se o tal Álvaro de Campos teria ficado no espelho. Levantou-se, e o que estava lá era a sua própria cara. Disse então: “Chamo-me Bernardo Soares”, e voltou para a cama. Foi depois destes nomes e alguns mais que Fernando achou que era hora de ser também ele ridículo e escreveu as cartas de amor mais ridículas do mundo. Quando já ia muito adiantado nos trabalhos de tradução e poesia, morreu. Os amigos diziam-lhe que tinha um grande futuro na sua frente, mas ele não deve ter acreditado, tanto assim que decidiu morrer injustamente na flor da idade, aos 47 anos, imagine-se. Um momento antes de acabar pediu que lhe dessem os óculos: “Dá-me os óculos” foram as suas últimas e formais palavras. Até hoje nunca ninguém se interessou por saber para que os queria ele, assim se vêm ignorando ou desprezando as últimas vontades dos moribundos, mas parece bastante plausível que a sua intenção fosse olhar-se num espelho para saber quem finalmente lá estava. Não lhe deu tempo a parca. Aliás, nem espelho havia no quarto. Este Fernando Pessoa nunca chegou a ter verdadeiramente a certeza de quem era, mas por causa dessa dúvida é que nós vamos conseguindo saber um pouco mais quem somos.

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*Publicado com autorização da Fundação José Saramago:
http://www.josesaramago.org/
Texto extraído do blog O Caderno de Saramago:
http://caderno.josesaramago.org/.
Publicado originalmente em 05/10/2008.
A grafia é a de Portugal.
Foto de Fernando Pessoa reproduzida do site da Casa Fernando Pessoa, Lisboa, Portugal:
http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt/index.php?id=4287

domingo, 11 de abril de 2010

A memória do coração

Jorge Adelar Finatto


photo: j.finatto

Em 1985, eu reunia material para o livro que estava escrevendo sobre a vida e a obra do poeta, cronista e renovador da arte cênica brasileira Alvaro Moreyra. Durante uma entrevista que fiz com Guilhermino Cesar, no seu apartamento, na Avenida Independência, em Porto Alegre, sabendo do meu interesse em entrevistar Carlos Drummond de Andrade, ele me passou o telefone do poeta. 

O mineiro Guilhermino foi um notável escritor, estudioso e professor, amigo de Drummond. Aquerenciou-se no Rio Grande do Sul, onde viveu, lecionou e escreveu até o fim da vida.

No Rio de Janeiro, mantive contato com Sandro Moreyra, jornalista, cronista esportivo, filho de Alvaro e Eugenia Moreyra, e também com outros familiares, que me auxiliaram generosamente no trabalho. Em Porto Alegre contei com a colaboração inestimável de Jorge Moreira, sobrinho de Alvaro. 

Durante a permanência no Rio, tomei coragem e decidi telefonar para o bardo de Itabira, na tentativa de colher alguma declaração. Sabia da dificuldade de entrevistar Drummond, que na época contava mais de 80 anos.

Fiz a ligação para o número que Guilhermino me dera, sem levar fé. Imaginava encontrar insuperáveis interlocutores, senhas inacessíveis. Afinal, tratava-se do grande poeta brasileiro do século XX. Para meu espanto, porém, logo na primeira tentativa o próprio Drummond atendeu o telefone. O diálogo que se seguiu foi cordial e econômico. O poeta falou que havia escrito sobre Alvaro em livro. Não havia o que acrescentar ao que escrevera.

O raro habitante da Rua Conselheiro Lafayette, em Copacabana, atendeu-me com gentileza e atenção. 

Em dezembro daquele ano, após receber o livro, Drummond escreveu-me uma carta que guardo como relíquia. Ao falar de Alvaro Moreyra, disse tratar-se de um escritor e de um amigo que lhe inspirava uma grande saudade, e que o trazia na memória do coração.

Nunca será demais lembrar que Carlos Drummond reconheceu no porto-alegrense Alvaro a sua mais forte influência literária, nos anos de formação, entre os autores brasileiros

Da experiência guardei a lição de simplicidade e generosidade intelectual.


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Foto: J. Finatto. Escultura em bronze de Drummond, na Avenida Atlântica, Copacabana, Rio de Janeiro.