sexta-feira, 16 de março de 2012
Conversas de escritores
Há um bom programa de entrevistas com escritores na Rádio e Televisão de Portugal (RTP), que se chama Conversas de escritores. É apresentado pelo jornalista e escritor José Rodrigues dos Santos. O apresentador conversou com alguns dos autores mais importantes da literatura mundial, como o português José Saramago e o alemão Günter Grass, entre outros.
As entrevistas são muito bem conduzidas, com perguntas pertinentes e, sobretudo, com tempo para os entrevistados responderem (coisa rara nos meios de comunicação). Não há comerciais e tudo se passa como se a conversa acontecesse na nossa sala.
As entrevistas são muito bem conduzidas, com perguntas pertinentes e, sobretudo, com tempo para os entrevistados responderem (coisa rara nos meios de comunicação). Não há comerciais e tudo se passa como se a conversa acontecesse na nossa sala.
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quarta-feira, 14 de março de 2012
Cacaso
Cacaso estaria fazendo 68 anos na data de ontem, 13 de março. Em memória, reproduzo este texto publicado em 02 de outubro de 2010.
Foi o poeta e compositor Cacaso a pessoa que melhor traduziu, até hoje, o sentido do que escrevo. Devo a ele a leitura mais luminosa e mais profunda. O texto foi publicado no jornal Leia Livros, na coluna Vinte pras duas, em 1982. Era sobre meu livrinho de poemas Viveiro, lançado em São Paulo, em 1981, pelo Grupo Sanguinovo.
Fiquei surpreso e feliz com o que ele escreveu, e havia bons motivos. Cacaso é um poeta raro, dos melhores que tivemos na segunda metade do século XX*. Escreveu poemas e letras de música como poucos. Fez parcerias com Tom Jobim, Edu Lobo, Sueli Costa, Djavan, Francis Hime, João Donato, Macalé, entre tantos. Foi professor na Faculdade de Letras da PUC do Rio de Janeiro. Tinha uma leitura muito lúcida sobre o Brasil e nossa cultura. Era um intelectual refinado e, ao mesmo tempo, uma pessoa simples e generosa. Conhecia as ruas das grandes cidades e conhecia o interior brasileiro. Conhecia e amava o nosso povo.
Em 1985, tive o único encontro com ele, visitando-o em seu apartamento na Avenida Atlântica, no Rio. Recordo a ampla sala com piano de onde se via o mar de Copacabana. E uma outra sala, local de trabalho, que tinha um armário repleto de fitas com músicas gravadas. No trato pessoal, revelou-se muito atencioso, disposto a falar e ouvir.
Cacaso (Antônio Carlos Ferreira de Brito, 1944 - 1987), esse homem, esse poeta, esse pensador, foi um pecado morrer tão moço, com tanto ainda para nos ensinar, nos ajudar a entender e nos escutar.
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Foto: Cacaso. Divulgação. Revista Bravo online, março de 2009. Ilustra excelente texto de Geraldo Carneiro sobre o poeta. bravonline.abril.com.br
* A antologia lero-lero, da editora Cosac & Naify, lançada em 2002, é uma bela mostra do trabalho de Cacaso.
Vale a pena visitar a bonita página criada pela cantora Rosa Emília para Cacaso no facebook:
A poesia do Jorge Adelar Finatto é breve, sem muitos volteios, incapaz de autocomplacência e dotada de uma região de silêncio que lhe comunica transcendência. O poeta vê o cotidiano como um absurdo rotineiro, um lugar onde o escândalo já não escandaliza e onde certa dose de perversidade e dureza torna-se um antídoto necessário à sobrevivência.
Cacaso
Foto: Cacaso. Divulgação. Revista Bravo online, março de 2009. Ilustra excelente texto de Geraldo Carneiro sobre o poeta. bravonline.abril.com.br
* A antologia lero-lero, da editora Cosac & Naify, lançada em 2002, é uma bela mostra do trabalho de Cacaso.
Vale a pena visitar a bonita página criada pela cantora Rosa Emília para Cacaso no facebook:
segunda-feira, 12 de março de 2012
O prisioneiro da Ilha de Patmos
Jorge Adelar Finatto
O mundo de papel e tinta surgiu para espantar os fantasmas que o amedrontavam. Sabia que, mais dia, menos dia, acabaria só, como todos.
Uma espécie de eternidade habitava os livros.
A rua se chamava São João, nome do apóstolo que teve as visões na Ilha de Patmos, no mar Egeu, onde esteve exilado por falar de Deus e dar testemunho de Jesus, e na qual escreveu o livro bíblico Apocalipse (Revelação).
A rua São João era a nossa Ilha de Patmos. Ali todos eram prisioneiros de um tempo e de um lugar e o destino lhes era comum: afundar no esquecimento.
Exilados do mundo, todos alimentavam o sonho secreto de um dia fugir. Fugir para sempre, para qualquer lugar, ainda que fosse o último ato da vida.
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photo: j.finatto |
A família espiritual de A eram os livros. Os poucos que havia na casa, quando ainda era menino, e depois os outros, que foi amealhando feito formiga, um a um, com tenacidade e alumbramento.
A família dos livros tinha uma vantagem. Nenhum de seus membros morria ou desaparecia, o que acontecia com alguma frequência com os outros familiares.
Os livros retirados das bibliotecas por empréstimo eram parentes distantes. Traziam a aura de quem passou por muitas casas, iluminando solidões diurnas e noturnas. Guardavam o cheiro misturado dos ambientes que tinham frequentado.
Os livros retirados das bibliotecas por empréstimo eram parentes distantes. Traziam a aura de quem passou por muitas casas, iluminando solidões diurnas e noturnas. Guardavam o cheiro misturado dos ambientes que tinham frequentado.
Na casa antiga, havia muitos silêncios. Vultos moviam-se calados. Um relógio velho de parede tentava acompanhar a passagem do tempo, mas nele as horas tinham enlouquecido.
O mundo de papel e tinta surgiu para espantar os fantasmas que o amedrontavam. Sabia que, mais dia, menos dia, acabaria só, como todos.
Uma espécie de eternidade habitava os livros.
Havia um gato na casa, porque gatos gostam de histórias assombradas. No porão gelado e sombrio, coisas inúteis eram esquecidas.
Um retrato de Getúlio Vargas ocupava o centro da parede da sala, o pai dos pobres, como se dizia.
A janela do quarto de dormir olhava o nada.
Um retrato de Getúlio Vargas ocupava o centro da parede da sala, o pai dos pobres, como se dizia.
A janela do quarto de dormir olhava o nada.
A rua se chamava São João, nome do apóstolo que teve as visões na Ilha de Patmos, no mar Egeu, onde esteve exilado por falar de Deus e dar testemunho de Jesus, e na qual escreveu o livro bíblico Apocalipse (Revelação).
A rua São João era a nossa Ilha de Patmos. Ali todos eram prisioneiros de um tempo e de um lugar e o destino lhes era comum: afundar no esquecimento.
Exilados do mundo, todos alimentavam o sonho secreto de um dia fugir. Fugir para sempre, para qualquer lugar, ainda que fosse o último ato da vida.
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Texto publicado no blogue em 27, out, 2011.
sábado, 10 de março de 2012
O escravo e sinhá
ESCUTEI o samba no rádio. Era aquela hora da tarde em que olhamos a janela sonhando fugir para algum lugar distante.
O samba Sinhá, do mais recente cd de Chico Buarque de Holanda, conta a história de um negro escravo que é levado ao tronco pelo "feroz senhor de engenho", sob a acusação de olhar a sinhá despida tomando banho no açude. É o próprio escravo quem narra o fato.
Num lamento, ele nega a imputação que lhe é feita pelo senhor, "Sou de olhar ninguém/Não tenho mais cobiça/Nem enxergo bem".
O senhor de escravos, de olhos azuis, decide furar as vistas do pobre e indefeso homem.
Na última parte do canto, quem fala é o cantor, dizendo-se atormentado, "Herdeiro sarará/Do nome e do renome/De um feroz senhor de engenho/E das mandingas de um escravo/Que no engenho enfeitiçou Sinhá".
Pelo que sugere, a relação entre escravo e sinhá foi além de um simples olhar.
Na última parte do canto, quem fala é o cantor, dizendo-se atormentado, "Herdeiro sarará/Do nome e do renome/De um feroz senhor de engenho/E das mandingas de um escravo/Que no engenho enfeitiçou Sinhá".
Pelo que sugere, a relação entre escravo e sinhá foi além de um simples olhar.
Trata-se de obra-prima de Chico Buarque e João Bosco, com texto do primeiro, que resgata um bárbaro evento (fictício ou real) do período da escravidão no Brasil. Um doloroso retrato da sociedade escravocrata.
Como obra de arte, toca fundo a nossa emoção e nos faz pensar. Não será esta capacidade de nos tirar da inércia e da indiferença a virtude superior da arte?
Sinhá é um samba de alta eficácia literária, musical e humana, que resume um tratado de sociologia e, de quebra, nos faz chorar.
Sinhá
Chico Buarque e João Bosco
Se a dona se banhou
Eu não estava lá
Por Deus Nosso Senhor
Eu não olhei Sinhá
Estava lá na roça
Sou de olhar ninguém
Não tenho mais cobiça
Nem enxergo bem
Para que me pôr no tronco
Para que me aleijar
Eu juro a vosmecê
Que nunca vi Sinhá
Por que me faz tão mal
Com olhos tão azuis
Me benzo com o sinal
Da santa cruz
Eu só cheguei no açude
Atrás da sabiá
Olhava o arvoredo
Eu não olhei Sinhá
Se a dona se despiu
Eu já andava além
Estava na moenda
Estava para Xerém
Por que talhar meu corpo
Eu não olhei Sinhá
Para que que vosmincê
Meus olhos vai furar
Eu choro em iorubá
Mas oro por Jesus
Para que que vassuncê
Me tira a luz
E assim vai se encerrar
O conto de um cantor
Com voz do pelourinho
E ares de senhor
Cantor atormentado
Herdeiro sarará
Do nome e do renome
De um feroz senhor de engenho
E das mandingas de um escravo
Que no engenho enfeitiçou Sinhá
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Cd Chico. Chico Buarque de Holanda. Biscoito Fino, 2011.
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quarta-feira, 7 de março de 2012
Alvaro Moreyra
Jorge Adelar Finatto
Se um dia tiver de escolher um cronista pra levar para uma ilha deserta (essa pequena ilha imaginária que todo mundo tem, de náufrago, com uma só palmeira, perdida no meio do oceano), este cronista será o porto-alegrense Alvaro Moreyra (1888 - 1964).
O Brasil tem cronistas de valor, o sempre lembrado Rubem Braga é, com justiça, um bom exemplo. Mas nenhum tem a sintaxe tão refinada, natural, despojada e poética de Alvaro Moreyra. Não será exagero dizer que ele fundou a moderna crônica no Brasil.
O Brasil tem cronistas de valor, o sempre lembrado Rubem Braga é, com justiça, um bom exemplo. Mas nenhum tem a sintaxe tão refinada, natural, despojada e poética de Alvaro Moreyra. Não será exagero dizer que ele fundou a moderna crônica no Brasil.
As palavras parecem gostar de ser tocadas pela mão do escritor. Passeiam com ele, brincam, mergulham, saltam da página, seduzem e se deixam seduzir. Adoram estar perto do senhor Moreyra (ele acrescentou o y ao nome em lugar do i). Não há sobras nem há faltas no texto deste autor (principal influência literária de Carlos Drummond de Andrade, nos anos de formação, entre os escritores brasileiros).
São breves composições que têm a invulgar capacidade de traduzir sentimentos, pensamentos, estados de espírito, aquarelas da alma que normalmente são difíceis de pintar. A leveza, o humor, a bondade, a delicadeza e a ironia inteligente (que nunca se confunde com grosseria) são sua marca.
Um olhar amoroso sobre os seres e a vida é o traço deste artesão do verbo.
A injustiça e o sofrimento das pessoas não passam despercebidos nas páginas deste comunista devoto de São Francisco de Assis.
Poeta, diretor de revistas, teatrólogo (iniciou o movimento de renovação do teatro em nosso país junto com a mulher, Eugênia Moreyra, através do Teatro de Brinquedo), Alvaro Moreyra sempre levou Porto Alegre e o Guaíba no coração por onde andou.
Estas impressões vêm a propósito de ter descoberto agora a edição de uma antologia de crônicas do escritor, recolhidas dos vários livros que publicou no gênero. É a primeira publicação desta natureza dedicada ao autor de Um sorriso para tudo. A obra faz parte da Coleção Melhores Crônicas, da editora Global, com seleção e prefácio de Mario Moreyra.
Tomo a liberdade de sugerir aos meus dois leitores que não deixem de levar para casa este livro. Estou certo de que viverão momentos de felicidade na companhia do senhor Arlequim da Silva (pseudônimo de Alvaro).
... E fico a ver navios. É um passatempo. O mar, por ser sempre o mesmo, é diferente sempre. Às vezes, verde, com franjas de espuma. Outras vezes, azul, parado, imóvel. Em certas manhãs, parece uma cauda de pavão... Eu gosto do mar. Paro, horas esquecidas, na areia da praia, olhando as ondas, marujamente, cheio de uma nostalgia deixada em mim pelos portugueses meus ancestrais... E fico a ver navios...
É o que tenho feito em toda a minha vida...
Alvaro Moreyra *
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Foto de Alvaro Moreyra: reprodução de fotografia do escritor publicada na revista Para Todos, de 19 de março de 1927 (coleção do autor do blog).
*Alvaro Moreyra, Coleção Melhores Crônicas, p. 54. Seleção e prefácio de Mario Moreyra. Global Editora, São Paulo, 2010.
Leia mais sobre Alvaro Moreyra:
A memória do coração:
Páginas de velhas revistas:
Teatro de Brinquedo:
sábado, 3 de março de 2012
Iberê Camargo e a escrita da solidão
Jorge Adelar Finatto
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Solidão, pintura de Iberê Camargo, 1994. Foto: Luiz Achutti. Fonte: site da Fundação Iberê Camargo: http://www.iberecamargo.org.br |
No passar vertiginoso do tempo, o instante quer ficar. O pintor é o mágico que imobiliza o tempo.
Iberê Camargo
Fiz uma visita à Fundação Iberê Camargo agora no fim de fevereiro. O edifício localiza-se na beira do Guaíba, e foi desenhado pelo famoso arquiteto português Álvaro Siza. Gostei muito do lugar, sua organização, atendimento, mas acho que bem poderia ter pelo menos uns quatro janelões a mais para se admirar o rio e Porto Alegre.
Em nada interfeririam nos ambientes de exposição, já que as aberturas estão nos corredores isolados que rodeiam em espiral o interior do prédio.
Nada se compara à visão da cidade e seu rio. Penso nessa outra pintura não para fazer concorrência com as obras expostas no interior do museu, mas para nos aproximar dessa outra beleza, tão natural e delicada, integrando-a naquele espaço de arte. Falo como alguém que se ressente da falta de pontos de observação em Porto Alegre.
A cidade e seus habitantes estão vendados para o rio.
Era um dia nublado de fevereiro. Havia a tarde pela frente, suficiente para a visitação das duas exposições: Conjuro do mundo: as figuras-cesuras de Iberê Camargo, e De Chirico: O sentimento da arquitetura.
Tenho um conhecimento pouco profundo da obra do gaúcho Iberê Camargo (1914 - 1994). A visita contribuiu para ampliá-lo. A fundação é o lugar ideal para conhecer esse importante artista brasileiro do século XX.
A minha relação com o grego Giorgio De Chirico (1888 - 1978, pronuncia-se De Quírico, conforme aprendi lá no museu) é mais antiga, vem do tempo em que andava às voltas com os surrealistas, sendo eu mesmo um deles, tardio embora, alguém que valoriza o inconsciente e os sonhos no ofício de criar. Faziam parte de minhas admirações gente como De Chirico, André Breton, Salvador Dali, Antonin Artaud, Miró, Magritte, Lautréamont e vários outros membros da inquieta e ilustre família.
Há nas exposições pinturas encantadoras de Iberê e de De Chirico, além de belas esculturas deste último. Recomendo, portanto, vivamente uma visita a ambas.
Os azuis da pintura de Iberê são únicos. Como no quadro Solidão, pintado no ano de sua morte. O que o artista nos transmite é um forte sentimento de que a beleza e a solidão caminham sempre lado a lado. Parece que uma não existe sem a outra.
O indivíduo está só com ele mesmo e na vida em sociedade. Os caminhos são tortuosos e estão cheios de pedras. Nessas pinturas, há uma visão turva do destino humano. A metáfora de um tempo com a marca da crueza, num século que nos deixou de herança duas guerras mundiais e um ambiente nunca visto de desprezo ao humano e perda de sentidos.
A minha relação com o grego Giorgio De Chirico (1888 - 1978, pronuncia-se De Quírico, conforme aprendi lá no museu) é mais antiga, vem do tempo em que andava às voltas com os surrealistas, sendo eu mesmo um deles, tardio embora, alguém que valoriza o inconsciente e os sonhos no ofício de criar. Faziam parte de minhas admirações gente como De Chirico, André Breton, Salvador Dali, Antonin Artaud, Miró, Magritte, Lautréamont e vários outros membros da inquieta e ilustre família.
Há nas exposições pinturas encantadoras de Iberê e de De Chirico, além de belas esculturas deste último. Recomendo, portanto, vivamente uma visita a ambas.
vista de uma janela da FIC. photo: j.finatto |
As contínuas reformas na nossa cidade - a cidade é a nossa casa - nos transformam em forasteiros. O progresso é uma ação de despejo em execução.
Iberê Camargo
Os azuis da pintura de Iberê são únicos. Como no quadro Solidão, pintado no ano de sua morte. O que o artista nos transmite é um forte sentimento de que a beleza e a solidão caminham sempre lado a lado. Parece que uma não existe sem a outra.
O indivíduo está só com ele mesmo e na vida em sociedade. Os caminhos são tortuosos e estão cheios de pedras. Nessas pinturas, há uma visão turva do destino humano. A metáfora de um tempo com a marca da crueza, num século que nos deixou de herança duas guerras mundiais e um ambiente nunca visto de desprezo ao humano e perda de sentidos.
A minha maior surpresa, contudo, viria depois da visita à FIC. Movido pela curiosidade de conhecer um pouco mais o pensamento do pintor, adquiri seu livro Gaveta dos Guardados, publicado em 2009 pela Fundação Iberê Camargo e editora Cosac Naify.
O que li nesses textos é resultado do trabalho de um escritor talentoso, senhor do ofício da palavra. Este é um livro com horizonte e profundidade, de alguém que tem realmente o que dizer e o faz com arte.
O que li nesses textos é resultado do trabalho de um escritor talentoso, senhor do ofício da palavra. Este é um livro com horizonte e profundidade, de alguém que tem realmente o que dizer e o faz com arte.
interior da FIC. photo: j.finatto |
Iberê não é apenas um artista plástico que escreve bem. Não é somente um homem culto que resolveu escrever e dar-se ares de escritor. Não. É um escritor que domina a expressão escrita com maestria e originalidade.
Sou impiedoso e crítico com minha obra. Não há espaço para alegria. Acho que toda grande obra tem raízes no sofrimento. A minha nasce da dor.
Iberê Camargo
O autor escreve com rigor e no que diz não existe espaço para superficialidades e salamaleques. Escrever, para este pintor de palavras, é um ato de vida ao qual se consagrou por inteiro.
Gaveta dos Guardados é um livro de memórias, mas é, sobretudo, um livro no qual se plasma a criação literária em alto nível. Uma descoberta.
Iberê Camargo é um caso raro de artista com domínio vigoroso e fecundo de duas linguagens.
Gaveta dos Guardados é um livro de memórias, mas é, sobretudo, um livro no qual se plasma a criação literária em alto nível. Uma descoberta.
Iberê Camargo é um caso raro de artista com domínio vigoroso e fecundo de duas linguagens.
fachada da FIC. photo: j.finatto |
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As três frases em azul foram retiradas do livro Gaveta dos Guardados (págs. 102, 103 e 31), de Iberê Camargo. Fundação Iberê Camargo, editora Cosac Naify, São Paulo, 2009.
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