sexta-feira, 1 de março de 2013

Peixe vivo

Jorge Adelar Finatto 
 
photo: j.finatto. Rio Guaíba
 

Em 1975 eu tinha menos de 20 anos, o coração batia no escuro e nada estava perdido.

Carregava comigo alguns poetas mortos. A palavra estava viva.

Esse tempo ficou adormecido como um pôr-do-sol no fundo do rio.

O tempo era noite calada.

A ditadura maltratava os corpos e o pensamento, a livre circulação da emoção, das idéias. Manchava com tarjas pretas a verdade nas bocas e nos jornais.

Mas havia gente que não desistia.

Os pássaros resistiam na praça.

Escondida como um segredo, havia uma rua quieta com perfume de açucena.

Eu trazia na alma a felicidade de estar vivo. Perdoai.

Existia um certo olhar, um cabelo em cacho nos ombros, uma saia azul adolescente. Esse olhar e esse cabelo inventavam um jeito de ser feliz. Habitavam um lugar claro na escuridão.

O Guaíba fazia o trabalho de levar nossas lágrimas para o mar em negros cargueiros.

Havia eu estar vivo e ter menos de 20 anos.

Havia aquela estrela brilhando na minha vida, apesar das bombas de gás lacrimogêneo, das prisões, dos desaparecimentos, do medo.
 
Coração aberto, peixe vivo.

O azul e branco do céu desenhado nas águas e naqueles olhos.

Um peixe voava entre as nuvens. Perdoai.

Sobrevivi àquilo em secreto, como quem descobriu um tesouro na ilha de pedra enquanto a cidade dormia.

Existia o rio, seu caminho largo para o sul em direção ao oceano.

A luz amarela do sol escorria entre as folhas e os galhos da Praça Dom Feliciano. Lilases habitavam as flores dos jacarandás.

Havia uma promessa de primavera. Eu tinha menos de 20 anos.

De passo em passo o tempo se cumpria. De mão em mão a manhã se erguia.

Não era ainda a primavera o que se via, mas um rascunho de flor no gradil da janela.

O coração colado à esperança.

Tinha o rio no fundo daqueles olhos, o horizonte de mar, o líquido azul infinito.
 
O sentimento navegava ao largo da cidade, seus medos e seus mortos.

O tempo era noite calada.

Tinha menos de 20 anos, a vida saltava feito peixe vivo.

A estrela brilhava em meu caminho. Perdoai.
 
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Texto publicado em 22 de dezembro, 2009 (primeiro texto do blog).
 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A hora do beija-flor

Jorge Adelar Finatto

beija-flor com névoa. photo: j.finatto
 
Observando com atenção, há um beija-flor na ponta do ramo de magnólia. Ele está pousado no galho pensador, os olhos semicerrados, pensando na sua vidinha. Um momento de pausa no seu dia. Ninguém é de ferro.

Há de ter lá os seus compromissos o beija-flor, uma casa pra voltar, filhos pra criar, contas a pagar, preocupações de quem vive neste mundo difícil.

Mas nesse momento ele precisa ficar sozinho e em silêncio. Precisa disso pra saber quem ele é. Porque, às vezes, na dura faina da sobrevivência, a gente esquece quem é.

A nossa face perde-se na multidão. Um estranho passa a viver através de nós.

Na maior parte da vida cumprimos deveres, tarefas, horários, saímos e chegamos apressados, dormimos sonos interrompidos por relógios e pesadelos, sonhamos um sonho alheio, corremos todo o tempo até a exaustão, e agradecemos por não perder o emprego nem levar um tiro.

Austeras solidões nos habitam. Rígidos papéis nos aguardam todos os dias, implacáveis, inadiáveis.

O mundo espera que ponhamos a máscara de granito ao nascer e não a retiremos nunca mais. Haja Deus!
 
No caso do beija-flor, querem que ele seja sempre e eternamente a mesma ave descrita nos manuais: apodiforme, penas pequenas, úmero robusto e cúbito curto, que se alimenta do néctar das flores e de insetos minúsculos. Igual a milhões de outros beija-flores que vivem no planeta, também conhecidos por nomes estranhos como binga, chupa-flor, chupa-mel, cuitelo, guainumbi, pica-flor. E por aí.

O beija-flor personagem deste texto tem vida interior, seus próprios sonhos e pensamentos, não quer ser igual a nenhum outro existente no mundo.

No fundo, é um poeta o nosso beija-flor. Passa o dia procurando quintais, praças e jardins, não só para alimentar-se, mas para fugir dos predadores e da loucura das pessoas, e para ter um momentozinho de contemplação.

Sim, a nossa pequena ave interioriza-se para poder melhor observar as coisas e os seres, senti-los, talvez escrever alguma coisa.
 
Agora, calado e enovelado em si mesmo, no repousante galho da magnólia, o que o beija-flor quer é ficar só, distante, tentando reunir os fragmentos, reconstruir-se com o que sobrou (se é que ainda existem asas e cores suficientes do pássaro que um dia ele foi), longe dos olhares intrujões, das mesquinharias cotidianas e do fotógrafo abelhudo.

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Heráclito e o espelho:
http://ofazedordeauroras.blogspot.com.br/2013/02/heraclito-e-o-espelho.html
Texto revisto, publicado antes em 27 de fevereiro, 2013.
 

Série Retratos 11




 
 
 
 
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photo: Jorge A. Finatto
Cais da cidade de Rio Grande
Clique sobre a imagem
Pedidos de cópia ou reprodução podem ser feitos ao autor pelo e-mail j.finatto@terra.com.br
 

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Um poeta chamado Antônio Carlos Arbo

Carlos Alberto de Souza


Antônio Carlos Arbo. photo: acervo da família
 
 
O mistério dos quintais
 
Existe um mistério
No fundo dos quintais!
Ainda mais
Nos quintais
De casas muito antigas...
Deve ser a alma da infância
Que ficou presa ali
- qual balão cativo -
Esvoaçante no tempo...

Nascido em Palmeira das Missões em 1935, o menino cresceu no velho casarão que abrigou seus pais e avós. Ginasiano, estudou em Cruz Alta e Passo Fundo; no Clássico já estava em Porto Alegre, onde avançou para as Artes Dramáticas, na UFRGS. Foi editor de texto da Cia. Cinematográfica Wilkens Filmes. O percurso revela tratar-se de um homem em busca de realização, dotado de sensibilidade, ligado às letras.
Antônio Carlos Arbo radicou-se em Santa Maria em 1965. Realizou o sonho de trabalhar na então recém-fundada UFSM. Depois de passar por vários setores, fixou-se como jornalista da instituição. Atuou na Rádio Universidade e paralelamente na TV Imembuí. Já casado com a sua Yolanda, teve os filhos Negendre, Dimítri e Marjoleine. Quando na adolescência os filhos homens formaram o Quintal de Clorofila, compunha com eles, exímios instrumentistas.
Mudanças de casa também servem para encontrar perdidos que são um achado.

Eis que recupero, depois de muitos anos, Tempoema (Imprensa Universitária – UFSM – 1979), livro de Antônio Carlos Arbo, com uma dedicatória: “Uma lembrança do primo e colega de profissão, 19-03-80”.

Não lembro o ano em que, ainda jovem para os padrões atuais, Antônio Carlos morreu. Penso em investigar. Desisto. Faz de conta que ele ainda vive. E de fato vive nas coisas belas que legou, como, por exemplo, O mistério dos quintais (dedicado a Mario Quintana) e A viagem.

A viagem

O pó levanta dos meus passos
Sem destino,
Do andar, andar, no quarto quente.
O calor podre desprende um ar
Viscoso e irrespirável,
Como o fundo de um lago de petróleo...
E as malas estão ali,
Recebendo o pó de minhas viagens
Circulares ao redor de mim mesmo.
Elas foram feitas para partir
Mas estão ali
Inertes à espera do viajor.
Somente os passos viajam
E o pó levanta no quarto quente,
Enquanto o tempo viaja nos meus passos.

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Carlos Alberto de Souza é jornalista em Porto Alegre.
smcsouza@uol.com.br 
(A voz de Antônio Carlos Arbo recitando O mistério dos quintais:
http://www.youtube.com/watch?v=-aoYBcJrGWk)

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Os direitos humanos em Cuba

Jorge Adelar Finatto
 
 
Yoani Sánchez. Fonte:Wikipédia
 

As ditaduras são feitas de cadáveres e prisões. Não existe a figura do bom ditador.

Sejam de direita ou de esquerda, ditaduras são igualmente infernais. As pessoas da minha geração, que sofreram na pele a falta de liberdade e de perspectivas durante o período ditatorial brasileiro, sabem o que isso significa.
 
Depois de muitas e frustradas tentativas, a filóloga, jornalista e blogueira cubana Yoani Sánchez, nascida em 4 de setembro de 1975, conseguiu autorização para viajar para fora do seu país. Chegou ao Brasil há alguns dias, o primeiro país que visita.
 
Yoani é alguém com coragem para criticar o sistema político e social em seu país. Criou, em 2007, o blog Generación Y. Por conta disso, é perseguida. Não é inimiga de Cuba, pelo contrário. Quer mudanças, quer mais participação do povo e melhores condições de vida. Deseja, enfim, o que qualquer pessoa razoável sonha: uma existência melhor para todos.
 
O tratamento agressivo que Yoani vem recebendo no Brasil, por parte de alguns defensores do regime ditatorial cubano, é desrespeitoso não apenas com ela como em relação à sociedade brasileira, que não aceita o cerceamento à liberdade de expressão.

A visita da jornalista tem sido marcada por manifestações antidemocráticas e grosseiras contra ela, por parte dessa minoria extremista que nem de longe representa o povo brasileiro, por "ousar" criticar o regime.

Os irmãos Fidel Castro Ruz, ex-presidente, e Raúl Castro Ruz, atual líder político de Cuba, não se mostram dispostos a permitir a democratização e nem a rever a forma de tratar os opositores do regime de partido único (Partido Comunista de Cuba).

A Revolução Cubana, vitoriosa em 1959, liderada por gente como Fidel Castro e Ernesto "Che" Guevara, combateu a ditadura do general Fulgencio Batista, que, entre outras violências, tratava com brutalidade os inimigos políticos.

Uma vez no poder, os dirigentes cubanos repetem a intolerância contra os adversários.

Informações divulgadas ao longo das últimas décadas mostram que a revolução trouxe avanços, principalmente em áreas como educação e saúde. É um país pequeno, que tem hoje cerca de 12 milhões de habitantes.

O embargo econômico imposto pelos Estados Unidos só tem colaborado para a falta de avanços sociais e políticos em Cuba. A posição americana é um obstáculo ao fim da ditadura e fortalece o discurso persecutório dos governantes. Yoani, por sinal, é contra o embargo.

Fidel Castro, seu irmão e sequazes cometem o erro essencial de todos os ditadores: acham-se insubstituíveis, e não admitem a transição democrática do poder. Consideram-se melhores e mais preparados do que todos os outros cidadãos e só eles sabem o que é bom para o país.

O governo que se diz revolucionário não reconhece a existência de perseguições por razões de consciência e afirma que o que há são mercenários a serviço dos Estados Unidos, alegação que não convence a mais ninguém.

O que se pergunta é quantas prisões e até mortes serão ainda necessárias para que se estabeleçam o diálogo e o respeito aos que pensam diferente do governo em Cuba.

É uma violência aos direitos humanos um mesmo grupo manter-se no poder por tanto tempo, afastando a população da democracia, negando-lhe direitos políticos e condenando gerações ao silêncio e ao atraso.

Não existe justificativa, do ponto de vista ético, político e humano, para essa eternização, que só é possível mediante a eliminação da liberdade e, às vezes, da própria vida de quem é contrário ao sistema.

O que se espera do governo brasileiro é uma posição firme e clara contra a falta de democracia naquele país e contra a perseguição movida aos que se manifestam por mudanças.
 
É incompreensível e inaceitável o longo e pesado silêncio das autoridades brasileiras em relação aos direitos humanos e à escuridão política em Cuba.
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A blogueira cubana e o blog do juiz:
http://blogdofred.blogfolha.uol.com.br/2013/02/24/a-blogueira-cubana-e-o-blog-do-juiz/

O testemunho dos livros:
http://ofazedordeauroras.blogspot.com.br/2010/03/o-testemunho-dos-livros.html

Generación Y:
http://www.desdecuba.com/generaciony/

De Cuba, com carinho (livro de Yoani Sánchez):
http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/707897-em-de-cuba-com-carinho-yoani-sanchez-questiona-ideologias-latino-americanas.shtml

A arte de ser juiz:
http://ofazedordeauroras.blogspot.com.br/2011/07/arte-de-ser-juiz.html

jfinatto@terra.com.br
 

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Hokusai e Drummond, passeio na livraria

Jorge Adelar Finatto


xilogravura de Hokusai: A grande onda de Kanagawa. Fonte: Wikipédia
 

A livraria é uma coisa viva. Cada livro é algo pulsante, todos têm um coração. O seu coração.

A internet está aí com toda a força. E, no entanto, os livros de papel não caem no esquecimento. As livrarias estão cheias de títulos e leitores. Pelo menos as grandes. Não sei o que se passa com as outras.

Na tarde nublada de Porto Alegre, resolvi visitar a livraria do bairro. Estou aqui entre as estantes, caminhando no bosque. Tem gente que compra livros e lê por obrigação. Eu leio por necessidade espiritual, encantamento, interesse estético, busca-vida.

Exposição de livros 
 
Li no jornal que as livrarias maiores estão cobrando para expor os livros. Cada espaço tem um valor, conforme a localização. A vitrine é o lugar nobre. Os demais suportes têm preços correspondentes ao destaque, à visibilidade no ambiente.
 
Está muito difícil a vida de autor novo ou desconhecido. Em geral, após o lançamento, a obra fica exposta por poucos dias e logo é retirada. Desaparece. E o escritor/escritora ficam amargando a frustração de não ver mais seu trabalho ao alcance do leitor, depois de ter conseguido - a duríssimas penas - o milagre da edição.

A oferta de autores é muito elevada e a fila anda, como se diz. Só que anda a uma velocidade terrível e sem noção. Enormes dificuldades se apresentam para divulgação das obras nos meios de comunicação. Não há mais espaço - com poucas exceções - fora do estrito interesse econômico da empresa.

Faz tempo que o mundo do livro perdeu a face humana e artesanal. Tornou-se um comércio como outro qualquer, feroz e frio.

Publicação

Os critérios que regem a publicação obedecem, quase sempre, a valores de mercado.  A margem de risco, isto é, de aposta em autores iniciantes, fora de catálogo, é cada vez menor.

Tenho dúvida se um autor como Guimarães Rosa seria editado atualmente, se fosse jovem. Isto porque a qualidade literária conta muito pouco e o senhor Rosa é considerado um autor difícil, desses que exigem maior entrega do leitor. Hoje o que importa  é se o escritor é bom de marketing. O resto é indiferença.

Não sei que futuro espera escritores que são bons de texto, mas não conseguem apoio de uma editora. Talvez não haja futuro algum.

Talvez o futuro da escrita esteja no livro eletrônico. No presente, a nuvem virtual é a saída para os que querem mostrar algo.

Sugestão: se cada editora fizer uma seleção anual para publicar, ao menos, um livro pelo valor literário, fora do conceito best-seller, já ajudaria.

No café da livraria

O que eu procuro entre as estantes, onde estou agora, é o prazer da leitura. Procuro bons autores, esses que resistem sem se entregar ao dono do inferno.

No café da livraria, é hora de folhear os livros colhidos no bosque. Numa mesa próxima, vejo uma leitora com rotundas lentes nos óculos virar as páginas de um volume de matemática. Faz isso com visível prazer.

Vida sexual dos leitores

Na mesa ao lado da minha, duas mulheres conversam sobre retiro espiritual, dieta, cuidados com a beleza e vida amorosa.

Ouço o que dizem não porque quero, mas porque elas falam como se estivessem em casa, sem nenhuma cerimônia e nenhuma timidez.

Uma delas se saiu com esta: "Estou tendo uma excelente vida sexual comigo mesma". Deve ser um tipo de self-service. Que tempos!

Confissões de Minas

Com esforço, volto aos meus livros. Confissões de Minas¹, de Drummond, está entre os eleitos de hoje. As primeiras páginas são daquelas de não largar mais o volume. "Simples traços de pena - mas tão densos, tão firmes e tão elegantes que nunca mais se apagarão", afirma Antonio Candido sobre a obra.


gravura Fuji Vermelho, de Hokusai. Fonte: Wikipédia


Pinturas de Hokusai

O outro escolhido é Hokusai, mountains and water, flowers and birds² (Hokusai, montanhas e água, flores e pássaros), livro com reproduções de imagens do grande mestre da pintura e da gravura japonesa Katsushika Hokusai (1760 - 1849). Vou viajar nessas pinturas. Uma maravilha.

Arte e navegações

A arte faz falta. É difícil viver longe dessas coisas que nos ajudam a prosseguir viagem.

Com a arte navegamos em nossos pequeninos barcos sobre a imensidão das ondas.
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¹Confissões de Minas. Carlos Drummond de Andrade. Cosac Naify, São Paulo, 2011.
²Hokusai, mountains and water, flowers and birds. Matthi Forrer. Prestel Publishing, New York, 2011.
 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Ossos do vento

Jorge Adelar Finatto


photo: j.finatto. estrada Nova Petrópolis a Picada Café

 
Um silêncio dentro do silêncio
                             um novelo desfiado no vento
                                                      um arabesco gravado no tempo.
 
Caminhos dos Campos de Cima do Esquecimento. Vou pela curva da estrada, à sombra verde dos plátanos. Tão bom andar assim na beirada sinuosa dos precipícios, ouvindo o claro silêncio das nuvens.
 
No Contraforte dos Capuchinhos, visito Claudionor, o Anacoreta, que não via há muito tempo. No mosteiro onde vive, passei um dia em recolhimento espiritual na sua caverna mística. Enquanto olha - lá de cima - o distante Vale do Olhar, Claudionor me diz:
 
"Tem dias que escuto meus ossos sacolejando no bornal de Deus.
 
"Um dia, quando eu for só silêncio, Ele virá me buscar.

"Reunirá meus restos de humanidade, me carregará nos braços para outro lugar onde vou renascer. Sim, quero nascer outra vez, uma nova oportunidade. A vida é muito escassa. Vivi anos, décadas, decifrando o invisível em salas solitárias, folheando livros obscuros, tateando a sombra, orando.
 
"Na existência que me espera, vou passar os dias nas estradas. Um amanhecer em cada lugar, um amigo em cada canto, um olhar de cada vez."

Voltei a Passo dos Ausentes sentindo o cheiro da uva recém colhida dos parreirais. Comprei na beira da estrada dois cestos de vime cheios do bom fruto.

Volto mais leve - e menos só - depois de ter conversado com Claudionor.