quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Cálido

Jorge Finatto
 
photo: jfinatto
 
Preciso escrever
o poema
que vai salvar
esse dia

o poema cálido
para atravessar
o tempo difícil
que ainda tenho
pela frente

o poema que vai
expulsar
a vontade
de morrer
que chega
aos poucos
como um felino
_____________ 

Do livro Memorial da vida breve, Jorge Finatto, Editora Nova Prova, Porto Alegre, 2007. 

domingo, 27 de outubro de 2019

Parece que nunca mais

Jorge Finatto
 
photo: jfinatto. Claraboia, Museu Iberê Camargo, Porto Alegre.
 
Sei lá, o MUNDO está de cabeça pra baixo. Mas fiquemos tranquilos (?), não começou agora, nem ontem. Vem assim desde o início. Às vezes acho que o ser humano é um projeto que não deu certo. Mas aí fico triste, desanimo, tenho pena de Deus e tenho medo de sua ira por pensar dessa forma. Mas parece que o mal está feito, que as pessoas nunca conseguirão ser bondosas, amando-se umas às outras como era pra ser (ou, pelo menos, não se destruindo feito feras). Parece que nunca mais conseguiremos sair à rua e nos encontrar sem receio de ser mortos por bandidos ou por algum sniper emboscado. É uma pena especialmente nessa época em que as AÇUCENAS enchem o bairro com seu aroma incrível. Enquanto isso nos escondemos atrás da janela. Olhamos o tempo passar, ouvindo os tiros.
 

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Um barco pra sonhar e pensar

 

 
Trecho da crônica Quinquilharias San Telmo.
 

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Domingo com garça

Jorge Finatto
 
fotos: jfinatto. local: Grêmio Náutico União
 
Na TARDE de domingo, caminhando pelo bairro, encontrei uma garça no parque. Branca como nuvem, cerca de 80 cm de altura. Pisava na água que escorria da fonte. Deve ter voado 6 km  para vir do Guaíba até ali.
 
O Guaíba ainda é um viveiro de peixes e aves apesar dos despejos diários de esgoto não tratado em suas águas. Porto Alegre trata em torno de 50% de seus resíduos, o restante vai in natura para o rio.

E do rio vem a água que bebemos, cozinhamos, nos banhamos... Incrível que numa época de tanta tecnologia avançada ainda não conseguimos resolver este problema.
 
Mas ali estava a garça. Com passos elegantes pra lá e pra cá. Alçava breves voos no entorno, olhava o lugar. Uma bela visão. Convenhamos que, para uma tarde qualquer de domingo, não é pouca coisa.
 
 

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Dar-se à luz

Jorge Finatto


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Foto de Clara Finatto

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Aprendiz de Sísifo

Jorge Finatto

photo: jfinatto


Tropecei nas minhas certezas
caí de cara no chão.
A coisa mais certa nessa vida
é a força da gravidade.
 

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Carlos Lyra e Wanda Sá

Jorge Finatto

Foto divulgação: Carlos Lyra e Wanda Sá
 
Assisti à apresentação do compositor e cantor Carlos Lyra e da violonista e cantora Wanda Sá no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, na quarta passada (02/10). Ele com 86 anos, ela com 75. Lyra está na origem da Bossa Nova, nos anos 60, autor de clássicos como Se é tarde me perdoa, Maria ninguém, Quem quiser encontrar o amor e Coisa mais linda, entre tantos. Wanda Sá participou do movimento ao lado de grandes nomes.
 
Chamou a atenção a faixa etária da assistência, na maioria pessoas idosas. Fiquei na dúvida: será que os jovens não se interessam por Bossa Nova? Outra: existe clima para o lirismo, a suavidade e a beleza da Bossa Nova na realidade brasileira atual?
 
Pode ser que a explicação esteja, também, em parte, no preço dos ingressos, média de cento e oitenta reais a plateia (bastante salgado nesses tempos).
 
Enfim, um momento inesquecível de reencontro com a música brasileira. Ver Carlos Lyra em plena atividade, com seu talento e seu charme, é encorajador, o mesmo podendo ser dito de Wanda. Que continuem seus shows pelo país para que os jovens saibam que o Brasil já foi mais feliz a ponto de produzir músicas como as da Bossa Nova.