segunda-feira, 25 de outubro de 2021
domingo, 24 de outubro de 2021
segunda-feira, 11 de outubro de 2021
600 mil vidas
Jorge Finatto
photo: jfinatto |
Quantas dessas 600 mil mortes por covi-19 poderiam ter sido evitadas se houvesse um pouco mais de afeto social e bom senso?
A vida é muito mais do que a politização dessa tragédia. Ninguém merece perdê-la pelo negacionismo dos que têm o dever de preservá-la. O Brasil é muito melhor do que isso.
Devemos nos negar a habitar o imenso cemitério que inventaram ao nosso redor.
Resistir até que o pesadelo acabe.
segunda-feira, 4 de outubro de 2021
Resquício de primavera
Jorge Finatto
![]() |
photo: jfinatto |
O vento soprou nas ruas do bairro hoje, varreu folhas mortas, choveu um pouco, esfriou, depois houve um silêncio.
A primavera mal começou e o inverno voltou com sua mala cheia de presságios, suas fotos e cartas antigas, suas bonecas de porcelana, seus segredos.
Ficou um resto de azul nas poças d'água, um aroma de flor na calçada, resquícios de primavera.
Me lembrei de quando andávamos sem máscara pela cidade. Faz tantas luas. Senti saudade. E os dias nem eram tão lindos assim. O tempo anda doido (doído). Sei lá.
segunda-feira, 20 de setembro de 2021
A arte de ser juiz
Jorge Finatto
![]() |
photo: jfinatto, 20.set.2021 |
segunda-feira, 13 de setembro de 2021
O rio do tempo
Jorge Finatto
![]() |
Lua e estrela. photo: jfinatto. 9/9/21 |
O tempo, às vezes, aparece, em sonho (será, talvez, um pesadelo), como um rio que corre sem parar e nos leva de arrasto com ele até uma imensa cachoeira. Um dia caímos no desconhecido que chamamos morte. Desaparecemos no sumidouro.
Carrego essa imagem recorrente que é uma metáfora do inevitável fim que nos persegue. A única hipótese de salvação é que Deus não nos esqueça e nos faça ressuscitar. Do contrário será a irremissível vitória do esquecimento sobre o milagre da vida.
sábado, 4 de setembro de 2021
Perdendo contato com a torre
Jorge Finatto
![]() |
Castelo de Gruyères, Suíça. jfinatto |
Na quarta-feira saí para dar uma volta no bairro, em Porto Alegre, levando o Gambelo a passear. Na frente de um edifício, no gramado interno, reconheci um vizinho de muitos anos que ali estava com seu cachorrinho. Percebi que lembrou de mim, ainda que de um jeito meio vago. Aproximei-me para cumprimentá-lo. Não nos víamos há mais de três anos, desde que fui morar no interior. Perguntei-lhe como estava.
Ele respondeu que estava bem e quis saber meu nome. Estranhei mas respondi. Ele então falou que conhecia outro Finatto, seu vizinho, que morava ali perto. E era juiz. Indagou se eu não o conhecia. Respondi que não, mas que também morava no bairro, naquela rua, e tinha a mesma profissão. Pensei que ele ia se dar conta. Ele ficou surpreso...
Dei-me conta de que meu vizinho de mais de 20 anos não me reconhecia mais. Está com 80 anos e aparenta boa forma física. Engenheiro, construiu muitos prédios. Era capaz de recordar quem eu era, no passado, sabendo alguns detalhes da minha vida, mas não me reconhecia no presente. Voltei pra casa desalentado.
Comentei com um médico que disse tratar-se, possivelmente, de Alzheimer. A pessoa "perde contato com a torre", disse ele, tem falta de memória, fica desorientada, não reconhece pessoas, coisas que acontecem aos vivos, ninguém está livre, etc.
Eu fiquei muito tocado com o episódio. É duro demais. Rezo pelo meu vizinho desejando que siga a vida. De qualquer forma, seja feliz com ou sem memória.