terça-feira, 16 de novembro de 2010

O Mondego

Jorge Adelar Finatto

Vou encher a bilha e trago-a
Vazia como a levei!
Mondego, qu'é da tua água,
Qu'é dos prantos que eu chorei
          António Nobre
O Mondego
me dá
saudade
do Guaíba

os últimos barcos
partem
ao entardecer
deixando atrás
o sonho dos homens

o poema de António Nobre
escrito na pedra
à beira do rio
me recorda Porto Alegre
seus poetas esquecidos

a bilha vazia
da alma

o açúcar queimado
do crepúsculo
em Coimbra
me faz voar
sobre os telhados
agarrado no vestido
da Princesa Inês

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Poema do livro Memorial da vida breve, Editora Nova Prova, Porto Alegre, 2007.
Foto: J. Finatto