Jorge Adelar Finatto
beija-flor com névoa. photo: j.finatto |
Observando com atenção, há um beija-flor na ponta do ramo da magnólia. Ele está pousado no galho pensador, os olhos semicerrados, pensando na sua vidinha. Um momento de pausa no seu dia. Ninguém é de ferro.
Há de ter lá os seus compromissos o beija-flor, uma casa pra voltar, filhos pra criar, contas a pagar, preocupações de quem vive neste mundo difícil.
Mas nesse momento ele precisa ficar sozinho e em silêncio. Precisa disso pra saber quem ele é. Porque, às vezes, na dura faina da sobrevivência, a gente esquece quem é.
A nossa face perde-se na multidão. Um estranho passa a viver através de nós.
Há de ter lá os seus compromissos o beija-flor, uma casa pra voltar, filhos pra criar, contas a pagar, preocupações de quem vive neste mundo difícil.
Mas nesse momento ele precisa ficar sozinho e em silêncio. Precisa disso pra saber quem ele é. Porque, às vezes, na dura faina da sobrevivência, a gente esquece quem é.
A nossa face perde-se na multidão. Um estranho passa a viver através de nós.
Na maior parte da vida cumprimos deveres, tarefas, horários, saímos e chegamos apressados, dormimos sonos interrompidos por relógios e pesadelos, sonhamos um sonho alheio, corremos todo o tempo até a exaustão, e agradecemos por não perder o emprego nem levar um tiro.
Austeras solidões nos habitam. Rígidos papéis nos aguardam todos os dias, implacáveis, inadiáveis.
O mundo espera que ponhamos a máscara de granito ao nascer e não a retiremos nunca mais. Haja Deus!
Austeras solidões nos habitam. Rígidos papéis nos aguardam todos os dias, implacáveis, inadiáveis.
O mundo espera que ponhamos a máscara de granito ao nascer e não a retiremos nunca mais. Haja Deus!
No caso do beija-flor, querem que ele seja sempre e eternamente a mesma ave descrita pelos estudiosos nos tratados: apodiforme, penas pequenas, úmero robusto e cúbito curto, que se alimenta do néctar das flores e de insetos minúsculos.
Igual a milhões de outros beija-flores que vivem no planeta, também conhecidos por nomes estranhos como binga, chupa-flor, chupa-mel, cuitelo, guainumbi, pica-flor. E por aí.
O beija-flor personagem deste texto tem vida interior, seus próprios sonhos e pensamentos, não quer ser igual a nenhum outro existente no mundo.
No fundo, é um poeta o nosso beija-flor. Passa o dia procurando quintais, praças e jardins, não só para alimentar-se, mas para fugir dos predadores e da loucura das pessoas, e para ter um momentozinho de contemplação.
Sim, a nossa pequena ave interioriza-se para poder melhor observar a natureza e os seres, senti-los, talvez escrever alguma coisa.
Igual a milhões de outros beija-flores que vivem no planeta, também conhecidos por nomes estranhos como binga, chupa-flor, chupa-mel, cuitelo, guainumbi, pica-flor. E por aí.
O beija-flor personagem deste texto tem vida interior, seus próprios sonhos e pensamentos, não quer ser igual a nenhum outro existente no mundo.
No fundo, é um poeta o nosso beija-flor. Passa o dia procurando quintais, praças e jardins, não só para alimentar-se, mas para fugir dos predadores e da loucura das pessoas, e para ter um momentozinho de contemplação.
Sim, a nossa pequena ave interioriza-se para poder melhor observar a natureza e os seres, senti-los, talvez escrever alguma coisa.
Agora, calado e enovelado em si mesmo, no repousante galho da magnólia, o que o beija-flor quer é ficar só, distante, tentando reunir os fragmentos, reconstruir-se com o que sobrou (se é que ainda existem asas e cores suficientes do pássaro que um dia ele foi), longe dos olhares intrujões, das mesquinharias cotidianas e do fotógrafo abelhudo.
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Heráclito e o espelho:
http://ofazedordeauroras.blogspot.com.br/2013/02/heraclito-e-o-espelho.html
Texto revisto, publicado antes em 27 de fevereiro, 2013.
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Heráclito e o espelho:
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Texto revisto, publicado antes em 27 de fevereiro, 2013.