O poema é uma pequena notícia, uma biografia mínima. É alguém contando sua passagem no mundo. Deve ser lido aos poucos, em lentos sorvos, à impossível pressa. Como quem estivesse a bordo de um breve barco que avança calmamente pelo rio. Sou capaz de ouvir o rumor dos remos batendo na água.
Escrever poemas depois de Walt Whitman e Fernando Pessoa pode parecer um tanto quanto inútil. O imenso talento e a altura da obra destes dois poetas universais podem soar inibidores de novas vozes. Mas, abrindo um pouco mais o olhar, é possível reconhecer em cada indivíduo uma nova maneira de ver e sentir a existência. Como se a experiência do ser humano no planeta se renovasse em cada um de nós. Então, se assim é, o texto da vida está sendo sempre reescrito. Por isso todo canto é bem-vindo. Ninguém deve desistir diante da tradição. A obra dos que vieram antes deve servir de estímulo e inspiração, não de constrangimento. O resto é vida, trabalho e fé.
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Foto: J. Finatto