Agora as folhas caem, Maria. Abril das passagens e dos mistérios. Ouço o ruído seco que fazem ao deslizar entre os galhos.
É bonito vê-las escorregar no ar. Elas me lembram coisas que caíram um dia no pátio do meu coração e o vento levou. Algumas tão silenciosamente que nem percebi.
É bonito vê-las escorregar no ar. Elas me lembram coisas que caíram um dia no pátio do meu coração e o vento levou. Algumas tão silenciosamente que nem percebi.
Trago essas perdas espalhadas dentro de mim. Sou feito dessas ausências e silêncios. Vou em frente.
O outono carrega reminiscências em seus velhos baús de madeira. Traz um desmesurado apego aos ocres, amarelos e dourados. Essas são as cores da mutação.
Eu vou sem medo pela estrada de terra, Maria. Vou olhar o caminho do sol.
O tecido de seda da tarde de outono.
Os passos andarilhos. As quedas das folhas.
O tecido de seda da tarde de outono.
Os passos andarilhos. As quedas das folhas.
Gosto de sentir o sol em meu peito. Ele entra no meu coração e ilumina todas as coisas. Algumas eu nem lembrava mais.
A luz cálida da tarde se mistura ao sangue. Então não há tristeza que faça sombra à alegria de estar vivo.
E é como se as folhas se levantassem do chão e, douradas, saíssem em bando pelo céu azul.
E é como se as folhas se levantassem do chão e, douradas, saíssem em bando pelo céu azul.