O EFEITO mais perverso e doloroso da crise ética que assola o Brasil é o abandono do nosso maior capital como nação: as crianças e os adolescentes. Tal se materializa na permanente falta de creches para os filhos enquanto pais e mães (principalmente) trabalham (aqueles que ainda têm onde trabalhar). E nas famílias destroçadas pelo desemprego, com suas terríveis conseqüências.
O que se vê são crianças sozinhas a maior parte do dia, às vezes entregues aos cuidados de irmãos "mais velhos", também eles crianças. Muitas vezes vivendo em circunstâncias onde só a mão de Deus pode livrá-las do pior.
A grande herança da corrupção sem limites que invadiu o país, à esquerda e à direita, são gerações de meninos e meninas atônitos, feridos, famintos por comida e atenção, desorientados, desiludidos e, o pior, sem esperança.
Essa a face mais cruel, a lágrima que não seca.
Essa a face mais cruel, a lágrima que não seca.
A reconstrução do Brasil deve começar por esses milhões de seres invisíveis. É preciso que o Estado vá às comunidades com serviços essenciais, boas creches, saúde, esportes, além de implementar por todo o país, sem mais demora, os Centros Integrados de Educação Pública, idealizados pelo antropólogo Darcy Ribeiro.
Só a partir de então poderemos falar num futuro para o Brasil. Um futuro que não pode mais esperar.
Só a partir de então poderemos falar num futuro para o Brasil. Um futuro que não pode mais esperar.