quarta-feira, 27 de julho de 2011

No tempo das camélias

Jorge Adelar Finatto

photo: j.finatto


A camélia é uma flor sem vaidade (sim, existem flores desprovidas de vaidade). Cresce no quintal da mais humilde casa até o jardim do mais rico palácio.

Nesse tempo de sol entre nuvens, a camélia surge com sua face iluminada. Se há algo que salva os dias sombrios do inverno, é ela.

A camélia é criadora de beleza. Certas combinações difíceis de imaginar, como misturar o verde escuro das folhas do arbusto com o vermelho carregado da flor, são bela invenção cameliana. 

Porto Alegre é uma cidade com muitas praças. 

Aqui no meu bairro há várias. Numa delas, camélias brancas e vermelhas espalham-se entre os bancos, que nessa época passam quase sem gente. A suave presença dessas flores tece momentos de viva emoção.

Na tarde de hoje, vi dois pés de camélia cor-de-rosa, caprichosamente plantados na calçada. Pura visão.

E pra não dizer que neste blogue só se falam amenidades, um pouco de realidade.

A crueldade não tira férias. Os atentados, com muitos mortos, na Noruega, mostram apenas que a europa evoluída, humana e racional é, em certa medida, uma imagem na água, uma ilusão romântica.

O fundamentalismo está muito forte por lá, enraizado em movimentos como o neonazismo, os nacionalismos extremados, a criminalidade organizada, o racismo, a xenofobia, o desrespeito ao diferente, e em tantos outros processos de violência e exclusão (até mesmo em relação a países periféricos do continente).

A maior parte dos europeus, contudo, não aceita viver neste mar de sangue e intolerância. É com esses que precisamos contar, na Europa e em todos os lugares, para dar a volta por cima.

Sobre a morte de Amy Winehouse não vou falar nada. Seria levar a tristeza longe demais.