Jorge Adelar Finatto
A memória da nave se dissolve no ar.
Uma gaivota branca e sonhadora pousa no alto do barco à espera da última viagem.
O ofício de esquecer atravessa as fendas de aço. A embarcação aderna como um peixe que perdeu as asas.
É duro ser capitão de nau tão desolada.
A cor do tempo, marcas de ferrugem. As escotilhas rotas miram o impossível horizonte.
O colorido infantil recorda felizes partidas ao vento. Imóvel paisagem nas janelas caladas.
Há um barco abandonado no cais.
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Foto: J. Finatto. Barco fantasma com gaivota a bordo. Rio Guaíba, Porto Alegre.