Das minhas cinzas faço um verde
nesse verde nasce um menino
eu sou o menino que acompanha este menino
somos filhos da fome do dia
como os potros que morreram cedo
nossos irmãos
na nossa rua nenhum deus mora
eis porque choramos quando o dia acaba
ou brilhamos como duas adagas ao sol
nossa canção
a invasão dos dias
nossa matéria
o que está na sombra e não tem nome
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Do livro de poemas Claridade, Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Editora Movimento, 1983.