Jorge Adelar Finatto
photo: jfinatto |
Escrever pra quê? Será que ainda existem leitores no mundo? Onde estarão, em que escondidas bibliotecas, em que salas e quartos solitários resistirão?
A impressão é que, a cada dez novos escritores que surgem, aparece apenas um leitor. As estantes das livrarias estão repletas de livros que ninguém lê. Todos os dias novos títulos vão somar-se ao mar-oceano existente. Quem lê tudo isso?
Às vezes desconfio que tem gente que vai à livraria, compra uma sacola de livros, mas não lê. O livro como objeto decorativo, com poder de ostentação de leituras não acontecidas. Será?
Então a situação é a seguinte: pra salvar os escritores do risco de extinção, de hoje em diante todos vão ser também leitores. Esse o compromisso solene de cada escritor para a preservação da espécie.
Coisa triste é a criatura escrever, no rigor do esforço e no escasso da vida, e ninguém ler. Quem não precisa de um ora-veja nessa existência, um reconhecimentozinho? Ah, não, ninguém quer saber do outro! Será?
Eu sou solidário com os sem-leitores porque faço parte dessa multidão.
Dia desses um colega blogueiro me contou que está querendo pagar alguém pra ler as suas mal-traçadas. Ah, não! Não podemos permitir que a sombra do desespero tome conta. Então, agora estou visitando a ilha do colega todos os dias.
Tenho visto muitas ilhas desertas, abandonadas, taperas virtuais. Os utensílios deixados pra trás mostram que um dia houve vida ali. É duro.
Acredito também que os livros nunca vão morrer. São objetos perfeitos na forma, carregam em si o espírito humano desde vetustos tempos. Mas e os escritores desconhecidos e os blogueiros? Sobreviverão nessa penúria de leitores?
Não sei, não sei.
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Texto revisto, publicado originalmente em 18 de setembro, 2010.
Às vezes desconfio que tem gente que vai à livraria, compra uma sacola de livros, mas não lê. O livro como objeto decorativo, com poder de ostentação de leituras não acontecidas. Será?
Então a situação é a seguinte: pra salvar os escritores do risco de extinção, de hoje em diante todos vão ser também leitores. Esse o compromisso solene de cada escritor para a preservação da espécie.
Coisa triste é a criatura escrever, no rigor do esforço e no escasso da vida, e ninguém ler. Quem não precisa de um ora-veja nessa existência, um reconhecimentozinho? Ah, não, ninguém quer saber do outro! Será?
Eu sou solidário com os sem-leitores porque faço parte dessa multidão.
Dia desses um colega blogueiro me contou que está querendo pagar alguém pra ler as suas mal-traçadas. Ah, não! Não podemos permitir que a sombra do desespero tome conta. Então, agora estou visitando a ilha do colega todos os dias.
Tenho visto muitas ilhas desertas, abandonadas, taperas virtuais. Os utensílios deixados pra trás mostram que um dia houve vida ali. É duro.
Acredito também que os livros nunca vão morrer. São objetos perfeitos na forma, carregam em si o espírito humano desde vetustos tempos. Mas e os escritores desconhecidos e os blogueiros? Sobreviverão nessa penúria de leitores?
Não sei, não sei.
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Texto revisto, publicado originalmente em 18 de setembro, 2010.