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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Boa primavera a todos

Jorge Adelar Finatto
 
photo: j.finatto

Repousando sobre o galho pensador, meu amigo resolveu fazer uma pausa pra descansar e admirar o Vale do Olhar neste início de primavera. E cantou um pouco, também,  sobre o ramo da jovem caneleira no seu momento de solidão e meditação.
 
A vidinha do meu amigo não anda nada fácil. Conheço-o desde que, ainda menino, passou a freqüentar as árvores diante da janela do escritório. Agora ele tem família e precisa garantir o sustento dos filhotes e da companheira no ninho que não fica longe daqui. 
 
Já não existe muito alimento disponível na natureza para eles. As cidades avançam ferozmente sobre as matas e áreas verdes. Vivemos num país de 200 milhões de habitantes onde não se respeitam os direitos elementares das pessoas. Se para os seres humanos está ruim, imaginem para os pássaros e outros seres vivos.
 
Por dia, mais de 50 pássaros como o meu amigo vêm à varanda do escritório para comer as frutas que sirvo para eles. A maioria pega o pedacinho da fruta e leva para o ninho. Depois volta.
 
Que nesta primavera, que começa hoje no hemisfério sul, tenha mais justiça, beleza e alimentos para todos.
 

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O segredo dos pássaros

Jorge Adelar Finatto

photo: j.finatto, 10.9.2014
 
Se outra vida houvesse além dessa (e se eu acreditasse em reencarnação), na próxima existência eu queria ser pássaro.
 
Os pássaros voam e cantam. Têm cores vivas, pinturas incríveis espalhadas pelo corpo. Como se não bastasse, fazem lindos e cálidos ninhos para morar. Habitam nas árvores, sótãos, telhados, muros, rochedos. Não têm senhorio a sugar-lhes o sono e o sangue.
 
Vivem o instante que cantam e não têm consciência do tempo que passa. Não têm, por isso, os pássaros, a dolorosa e trágica perspectiva de quem navega na canoa em direção ao precipício.

Os antigos navegadores sempre tiveram razão: no fim do mundo tem um abismo imenso e intransponível para o qual correm todas as águas...
 
Agora passam duas gralhas azuis voando diante da minha janela, no horizonte das montanhas e pinheiros.

Na árvore em frente (um jovem pinheiro-bravo), a pequena saíra (todas as cores) enfeita a tarde e afasta a visão do perau.
 
O voo-canto dos pássaros enche o vazio. Com tão pouco se constrói a leveza.
 
Só sei que essa presença amiga alimenta o meu coração. Por um momento, esqueço as dores da vida. Bem-hajam!