Jorge Adelar Finatto
O arroio Tega
era um som
um toque
um fio ligeiro
de água limpa
escorrendo mundo afora
no fundo das casas
da gente humilde
certo dia
emparedaram
o Tega
um pedaço
da minha vida
afundou junto
agora flui invisível
no subterrâneo
carrega na sombra
as tardes que se foram
perdidos barcos de papel
os sonhos do menino
em rumo cego
segue o velho Tega
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Poema do livro Memorial da vida breve, Editora Nova Prova, Porto Alegre, 2007.
Foto: J. Finatto