quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A solidão literária

Jorge Adelar Finatto


Obras e autores observam ávidos das estantes, na livraria. Todos querem uma chance de sair do frio e da sombra e ser levados pelo leitor. Séculos e séculos de esforço literário nos contemplam das prateleiras. Poucos, todavia, são os escolhidos.

O mortal leitor, por sua vez, sabe que não pode ler tudo, mas apenas uma pequena parte do que existe em forma de livro. Precisa ser muito seletivo. A vida é curta, os livros, infinitos.

Uma boa maneira de acertar nas escolhas é buscar os clássicos, esses que já se afirmaram como grandes obras ao longo do tempo, sendo como tal reconhecidos pelos leitores, estudiosos, escritores e interessados em leitura, em geral.

A sensibilidade e o interesse de cada pessoa têm de ser respeitados. Não adianta querer impor textos e gostos a ninguém.

O tempo para ler é pequeno.Trabalho, estudos, compromissos de toda ordem, problemas do dia a dia, tudo conspira contra o tempo de ler. Eu leio na praça, no ônibus, no trem, no café, na fila e até em casa... Não existem condições ideais. O ato de ler é uma conquista diária.

Existe solidão literária no lado de quem escreve como no de quem escolhe e lê livros.

Após folhear, cheirar, tocar as folhas, olhar as capas, ler algumas linhas ao acaso, chega o momento tão esperado. Guardo no bolso a lista que trouxe de casa. Estou levando, hoje, um Eça de Queirós (Um dia de chuva), um Juan Benet (Você nunca chegará a nada), um Luiz Felipe Pondé (Contra um mundo melhor, ensaios do afeto), e um Eustáquio Gomes (A biblioteca no porão, livros, autores e outros seres imaginários).

Que cada um seja feliz do seu jeito e com suas escolhas, o mais que puder, respeitando os outros. O resto, pra ser sincero, não importa muito.

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photo caseira: j.finatto