domingo, 22 de outubro de 2017

Da minha janela

Jorge Finatto

photo: jfinatto
 

CADA UM VÊ o mundo da sua janela. A mirada particular de cada pessoa. O jeito de enxergar as coisas.
 
Eu, por exemplo, gosto demais de uma taça de café com leite e pão com manteiga. E me encanta andar na rua quando chove.

Infelizmente, já não tenho idade para subir e caminhar sobre telhados. Nem vou sair voando pendurado num guarda-chuva pelas ruas desertas de Passo dos Ausentes. E morro de saudades dos doces que minha avó fazia nos dias de frio.

Está chovendo e gelado aqui na montanha, apesar da primavera. Gosto de dias assim.
 
Agora, não tenho mais quem faça doces. Mas as tardes de chuva continuam cheirando a arroz doce, canela e casquinha de laranja dentro de mim.
 
A memória é uma biblioteca onde se guardam as quinquilharias do tempo. Às vezes, me refugio nela e me ponho a perambular nessas cálidas páginas do passado.

Sim, raro leitor, é bom parar um pouco, olhar e pensar na vida. Abrir a janela e sentir como um menino. Mas nunca se trancar no casarão desabitado do passado.