A tarde azul e morna de setembro faz esquecer o rigor dos últimos frios. Redivivos, depois do longo e fustigante inverno, começamos a sair da caverna. Visitei ontem uma feirinha de artesanato, na praça central da cidade de Canela, serra gaúcha.
Um espaço gracioso, situado quase na frente da antiga estação de trem. Nele, objetos simples e criativos cativam o olhar. Impressiona a arte que encontramos em muitas das peças expostas. As artesãs (a maior parte dos expositores são mulheres) mostram um talentoso trabalho feito em casa, com poucos recursos.
Peças de Izabel Ribeiro Dias e Gisele Ribeiro Dias, mãe e filha. photo: j.finatto |
A dignidade com que essas pessoas se entregam ao ofício é tocante. O artesanato é uma arte ainda pouco vista e pouco divulgada. Os trabalhos são muitas vezes únicos, porque produzidos individualmente. Os preços são acessíveis.
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Eu sou um encantado por artesanato e a minha vontade é levar um monte de coisas. A morada da gente é um curioso e colorido museu de móbiles pendurados, bonecos, pinturas, esculturas e sabe-se lá mais o quê. Para que algo novo entre, às vezes é preciso que uma peça mais antiga saia.
A casa do indivíduo é um território introspectivo, povoado de coisas que têm a sua cara, invisíveis para o mundo.
Os artesãos dificilmente ficam ricos com seu ofício. Mas não é isso que importa. Estão na luta, tocando a vida honestamente e produzindo beleza. São pessoas assim, com este espírito, que nos dão esperança em um tempo mais humano e num mundo mais bonito.
photo: j.finatto |