O Cavaleiro da Bandana Escarlate
Estou em Gramado desde domingo à noite. Vim na minha motocicleta 250, calça Lee, manta de lã amarela, jaqueta de couro, bota. Anos 70. Vim no segredo do codinome. O alaúde atravessado nas costas. Trouxe no bornal um livro de contos de Juan Carlos Onetti, o escritor uruguaio (filho de mãe brasileira), e a Serpente Encantadora, reunião das colunas do Telmo Martino, publicadas no Jornal da Tarde, de São Paulo, entre 1975/85.
Alberta de Montecalvino me mandou um e-mail (gostava mais quando ela escrevia cartas), pedindo para eu escrever impressões sobre o Festival de Cinema de Gramado. Não posso recusar nada à grande dama de Passo dos Ausentes. Devo-lhe coisas, isso e muitas mais. Sou devoto da Senhora da Biblioteca.
Nada entendo da arte cinematográfica. Sou apenas alguém que vai ao cinema uma vez por semana. Quando me comovo, eu choro. Sentimental.
Não me interesso por Fellini ou Charles Chaplin. Mas minha vida não seria a mesma sem Amarcord e Carlitos.
O festival começa oficialmente na próxima sexta-feira, 6 de agosto, e vai até 14. Mas a cidade já está no clima. Artistas , imprensa e cinéfilos chegam, o cenário está montado. Nos cafés e lobbys de hotéis o assunto é a tela grande. Curtas, longas, trilhas, direção, roteiros, atores.
O frio é de doer.
O frio é de doer.
Estou num hotel ao lado da antiga igreja da cidade . Meu quarto dá para um bosque de pinheiros. Há pouco vi uma arara azul. Dizem que vai nevar.
Na chegada, não distante da entrada de Gramado, existe um motel ao lado de um pequeno cemitério, na beira da estrada. Morte e vida lado a lado, nuas. Ó contradição.
Quem diz que a ficção exagera nas cores é porque ainda não reparou bem na realidade. Enfim, o que quero dizer é que há gosto e nervos pra tudo no mundo.
Só se muda alguma coisa nessa vida com alegria.
Só se muda alguma coisa nessa vida com alegria.
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Fotos: J. Finatto
Saiba mais sobre O Cavaleiro da Bandana Escarlate nos posts de 27 de abril e 29 de julho de 2010.