Carlos Alberto de Souza
O último boêmio de Porto Alegre repousa às margens
do Atlântico, em Capão da Canoa. Já faz algum tempo que o professor Darcy
Alves, virtuose do violão e dono de voz rebuscada nas velhas canções, teve de
abandonar os bares da Cidade Baixa, a Lapa porto-alegrense.
Longe das noitadas em que encantava os mais velhos e os jovens admiradores da música de seresta, ele recupera-se de um percalço de saúde na Clínica Geriátrica Melhor Idade. “Hoje não tem show”, brincou ao telefone quando do outro lado da linha eu disse que era um admirador querendo saber do ídolo.
Longe das noitadas em que encantava os mais velhos e os jovens admiradores da música de seresta, ele recupera-se de um percalço de saúde na Clínica Geriátrica Melhor Idade. “Hoje não tem show”, brincou ao telefone quando do outro lado da linha eu disse que era um admirador querendo saber do ídolo.
As informações da atendente são animadoras. Desde
que chegou à clínica, o professor tem melhorado progressivamente. Sua esposa
também está morando na cidade litorânea, além dos dois filhos, um deles médico
neurologista, especialidade que tem a ver com o estado de saúde do pai. O velho
boêmio, agora compulsoriamente afastado do cigarro e da bebida, está bem
assistido. E recomeça a dedilhar o violão e cantar, para a alegria de todos na
casa de repouso.
A cuca do professor está boa. Perguntei-lhe se
lembrava de Emerson Rosa, meu tio, excelente saxofonista, que tocou com ele em
algumas ocasiões, acompanhando Lupicínio Rodrigues e também homenageando
postumamente o grande compositor, em um espetáculo histórico. “Claro, o
Emerson, meu amigo”, disse o professor. Certa vez, quando se apresentava no
bar São Jorge e o Dragão, mostrou-me um álbum com fotos de sua carreira.
Além de Lupi, acompanhou Alcides Gonçalves, outro expoente da velha boêmia porto-alegrense, Beth Carvalho, Ângela Maria, Sílvio Caldas, Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, Francisco Egídio, Jamelão e Altamiro Carrilho, entre outros.
A noite de Porto Alegre segue viva, com mais bares do que no passado. Certamente, abrigam legiões de boêmios resistentes. Mas não têm o mesmo encanto sem o violão, a voz e a presença do professor Darcy Alves. Ele foi o último boêmio da cidade. E assim deve entrar para a história.
Além de Lupi, acompanhou Alcides Gonçalves, outro expoente da velha boêmia porto-alegrense, Beth Carvalho, Ângela Maria, Sílvio Caldas, Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, Francisco Egídio, Jamelão e Altamiro Carrilho, entre outros.
A noite de Porto Alegre segue viva, com mais bares do que no passado. Certamente, abrigam legiões de boêmios resistentes. Mas não têm o mesmo encanto sem o violão, a voz e a presença do professor Darcy Alves. Ele foi o último boêmio da cidade. E assim deve entrar para a história.
smcsouza@uol.com.br