Jorge Adelar Finatto
Deus andava por perto quando aconteceu. O cenário era de grande desolação em Canela, no amanhecer da quinta-feira, 22/7. Na noite anterior, em torno de 21h, um tornado, ciclone ou fenômeno parecido (o nome ainda é objeto de discussão pelos técnicos) se abateu sobre certas áreas da cidade. Durou entre um e dois minutos. O resultado foi devastador. Pinheiros, caneleiras e diversas outras árvores de grande porte, algumas centenárias, foram arrancadas do chão pela raiz, como se fossem pequenas plantas. Telhas, chaminés, calhas, letreiros, galhos, vasos e objetos de todo tipo foram arremessados pelo ar como cisco. Várias casas foram destruídas, postes de iluminação caíram. Nunca tinha visto algo assim. Felizmente, não houve mortos. Fiquei impressionado com a capacidade de reconstrução das pessoas. Homens e mulheres trabalharam duro. Em 24 horas muitas das casas estavam sendo reerguidas e a paisagem de devastação começava a desaparecer. O espírito de solidariedade tomou conta da região, havendo doação de alimentos, materiais de construção, móveis, roupas, cobertores (o frio é intenso), e acolhimento a desabrigados. As cidades vizinhas, como Gramado, estão ajudando.
As pessoas com quem falo atribuem o fato às agressões contra o ambiente. Ninguém tem dúvida. O que mais será preciso, quantos desastres mais no mundo, para que governos, empresas e sociedades mudem o rumo da conversa e passem a administrar a economia para a vida e não para a morte? O egoísmo e o consumo levados a extremos tornaram o mundo um lugar muito triste e perigoso. Precisamos urgentemente voltar a ser seres humanos, cidadãos razoáveis, ao invés de consumidores.