segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Primavera 54

Jorge Adelar Finatto


O vento vai para o sul e faz o giro para o norte. Gira e gira continuamente em volta, e o vento retorna logo aos seus giros. Eclesiastes 1:6

Todos os dias são santos, todas as horas são as últimas. A santidade de cada instante, o milagre de existir, a utopia da felicidade, em meio às nossas imperfeições, levam a agradecer cada dia recebido.

Atendendo pedido dos queridos Niamara Pessoa Ribeiro e Cláudio Accurso, dois intelectuais que engrandecem nosso meio, publico os textos que remeteram. 

Vivo a urgência de um tempo em que não posso me permitir os excessos da vaidade, mas tampouco o desperdício do carinho dos amigos. Colho estas manifestações com humildade e profunda gratidão.

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Niamara Pessoa Ribeiro (Graduada em Letras e Especialista em Teoria Literária):  Rogo-lhe a gentileza de possibilitar que este texto se torne de conhecimento de seus leitores, especialmente nesta semana em que se comemora o seu aniversário. Quero cumprimentá-lo por muitos motivos, dos quais destaco os seguintes.
 
O senhor surpreende positivamente: integra uma plêiade de perfis nobremente poliédricos que cintilam em todos os aspectos pelos quais possam ser analisados. 
  
Eu o conheci inicialmente como Magistrado: além de íntegro, megacumpridor do dever, respeitoso com colegas e superiores, igualmente concedeu sincera consideração a seus subordinados.  Poucos sabem falar até com o mais humilde dos servidores mantendo o mesmo trato com que  se dirigem aos hierarquicamente iguais ou superiores. Ou seja: o senhor se relaciona com o valor das pessoas, não com a importância dos seus cargos.

Também o conheci integrado ao ambiente familiar, bastando dizer que a visão de uma família como a que o senhor construiu nos faz acreditar cada vez mais nessa instituição. 

Após, também o conheci como Poeta maior, desses que sobrevivem ao avassalador cotidiano. Lembro-me dos mineiros que trabalham na profundidade do solo, sob montanhas de terra: estão os magistrados sufocados sob toneladas de papéis. Dos que são extraordinariamente sensíveis como o senhor, com sensibilidade de alto quilate, poucos conseguem trazer à superfície seu talento incólume, poucos sobrevivem com o olhar criador, eis que a profissão os seduz a se tornarem analíticos, frios ao pegarem a caneta.

Sei da importância de o senhor ser Magistrado, sei o quanto de intelectualidade e imparcialidade é requerido para a vitória nesse terreno. Sim, eu o admiro por isso. Muito mais, porém, eu o admiro como escritor, literato, primoroso Fazedor de Auroras. Explico: o senhor "estava" Magistrado, mas o senhor "é" Poeta. Há os bancos escolares, os diplomas e um universo que "fazem" o bacharel... tanto o bom quanto o menos... mas não fazem o artista. O verdadeiro talento não se compra... não se finda... não se desaprende...
              
Cumprimento pelo aniversário não um, mas  todos os Finatto:  o Poeta, o Jornalista, o Magistrado, o Amigo, enfim,  aquele que, também nesta página virtual, comprova ter erudição (grande porque acrescida de sabedoria), inspiração (elevada e traduzida em permanente criatividade), informação (confiável porque acompanhada de profundidade). Características acessadas somente após muita estrada e vitorioso aperfeiçoamento espiritual.

Feliz Aniversário e um abraço da Niamara Pessoa Ribeiro.  

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Cláudio Accurso (Economista e Professor Universitário): Fico feliz por encontrar no senhor uma pessoa que se preocupa com as desventuras do homem nessa passagem pela terra. E o faz como cidadão crítico de um mundo que tem tudo para ser melhor para todos e como intelectual e poeta com capacidade de perscrutar o oculto, nele descobrindo o belo e o potencial de beleza na alma de cada um, às vezes adormecidos pelas agruras do dia a dia. 
 
Sua manifestação literária, uma vez introjetada, pode despertar potencialidades para um acontecer mais harmônico e mais realizador, ou pelo menos com mais esperanças para os que já não sonham ou mais risonho para os que já não riem.

Um abraço do Cláudio Accurso.

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Foto: J. Finatto