Jorge Adelar Finatto
photo: j.finatto. reflexos |
Uma fotografia há muito tempo na gaveta é um achado. Ele já esteve nesse lugar. Nem sabe mais quando.
Uma velha casa de madeira entre pinheiros e plátanos. Um córrego esperto cantando ali perto. Pode ouvi-lo agora claramente. Na janelas laterais, floreiras com gerânios de variadas cores. O som côncavo do sino de bambu na varanda.
Lá dentro, em volta de uma grande mesa, pessoas se reúnem para o café da tarde. Um alarido de véspera de primavera. Deve ser início de setembro. O menino olha aqueles rostos iluminados.
O cheiro de pão feito em casa, no fogão de ferro, se espalha pela casa.
Em volta daquela mesa, retratos na parede. Dentro dos retratos o tempo parou. Em volta da casa, o mundo gira em lentas rotações.
O aroma de jasmim invade o ambiente. No quintal, caminha-se entre laranjeiras, caquizeiros, ameixeiras, romãs, pitangueiras, mamoeiros, parreiras, abacateiros.
O cinamomo florido abre os galhos perto do poço, o banco pintado de branco embaixo.
Há muito tempo ele não visitava a casa ancestral.
Há muito tempo ele não visitava a casa ancestral.
As buganvílias exalam azul e branco no jardim.
O gato dorme entre novelos de lã na cadeira de balanço.
O gato dorme entre novelos de lã na cadeira de balanço.
Um dia recortado no tempo. Pessoas vivendo sem medo da separação. Cálida alegria.
A fotografia, camafeu sentimental.
Deve ter sido assim, num lugar assim, num tempo assim, ele foi feliz um dia, sem saber o que era felicidade.
Deve ter sido assim, num lugar assim, num tempo assim, ele foi feliz um dia, sem saber o que era felicidade.
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Texto revisto, publicado antes em 7, setembro, 2011.