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quarta-feira, 24 de maio de 2017

Faro del Fin del Mundo

Jorge Finatto
 
Faro del Fin del Mundo (Les Éclaireurs). foto: jfinatto

A palavra USHUAIA vem do povo originário Yámane e significa baía (ou porto) em direção ao poente; ou baía penetrando no poente (oeste). À margem do Canal de Beagle, que une o Atlântico ao Pacífico, Ushuaia, cidade mais austral do mundo, como toda a Patagônia possui um dos mais impressionantes ecossistemas da Terra. A paisagem e os seres vivos que a habitam são de uma beleza e diversidade únicas.

vista a partir do porto. photo: jfinatto
 
A Baía de Ushuaia situa-se no interior do canal. O porto da cidade recebe navios de cruzeiro no verão e daqui partem outros tantos em direção ao continente antártico. Aqui a Cordilheira dos Andes corre de leste a oeste, estando a norte da cidade.  A entrada da baía é sinalizada pelo Farol del Fin del Mundo para evitar que os navios tropecem pelo caminho.

Ushuaia. photo: jfinatto

Uma linha imaginária corre pelo Canal de Beagle, separando Chile e Argentina. Todavia o olho do visitante não separa o que Deus uniu: ambos os países aparecem belamente misturados. O frio é glacial.

hora do soninho. lobos marinhos. photo: jfinatto
 
ilha de pássaros. photo: jfinatto

Naveguei nessa terça-feira pela baía durante três horas e fiz fotos. O catamarã para em pontos estratégicos de observação, próximos das muitas ilhas de pedra que surgem aqui e ali. Nelas vemos uma linda fauna de lobos e leões marinhos, pinguins, gaivotas e diversas outras aves. Em algumas as árvores têm os troncos retorcidos pela força implacável dos ventos. O vento úmido do Pacífico castiga a região.

O Canal de Beagle é literalmente abraçado pelas montanhas da cordilheira. Os picos nevados avançam pelas águas do mar até que desaparecem como o pôr-do-sol. O resto vem depois, imenso, assombroso, branco, azulado,  povoado de silêncio e mistério, e atende pelo lindo nome de Antártida.

montanha da Cordilheira dos Andes. photo: jfinatto
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Faro é a palavra espanhola para designar nosso farol de sinalização para navios. Em bom portunhol, aqui aparecem misturados farol e faro. 

terça-feira, 23 de maio de 2017

Ushuaia, a cidade do fim do mundo

Jorge Finatto
 
photo: jfinatto 21 maio 2017
 

QUANDO O AVIÃO da Aerolíneas Argentinas começa a descer e atravessa o almofadão de nuvens, a quase dez mil metros de altitude, inicia-se a aproximação de Ushuaia. A visão que então se descortina é deslumbrante e perturbadora.
 
As primeiras imagens revelam a majestade da Cordilheira dos Andes, com suas montanhas cobertas de gelo e neve, numa extensão que a vista não ousa alcançar (cerca de oito mil km), percorrendo vários países da América do Sul. Num cálculo feito a olho da janela do avião, estimo entre dois e quatro mil metros a altura dessas elevações nesse ponto.
 
A maior montanha do maciço (e das Américas) alcança quase sete mil metros (6.960), o Aconcágua (Sentinela de Pedra), em Mendoza, também na Argentina. Prosseguindo, avista-se o Estreito de Magalhães, passagem entre o Atlântico e o Pacífico.

Estreito de Magalhães. photo: jfinatto
 
Ushuaia, a mais de três mil km de Buenos Aires, é a última cidade ao sul do planeta, a mais austral (La Cuidad del Fin del Mundo), capital da Província da Terra do Fogo, fundada em 1884, com cerca de 60 mil habitantes. Depois dela, a álgida e desabitada (salvo exploradores e cientistas) Antártida. O Canal de Beagle, em frente, com cerca de 240 km de comprimento, faz também a ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico.
 
A Patagônia (na parte mais meridional da América do Sul) é uma das regiões mais belas do mundo. Nela sente-se a presença de Deus no silêncio das vastas extensões solitárias. Aqui no fim do mundo os extremos se encontram. E não há espaços para vidas isoladas. As pessoas precisam umas das outras para enfrentar a ausência.
 
Aqui é o fim do mundo. Solitude, imensidão. Ventos gélidos, impossíveis. Lugar onde as mãos precisam se dar. Começo talvez de uma nova quimera.