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domingo, 26 de julho de 2015

A porta misteriosa

Jorge Adelar Finatto
 
fotos: jfinatto

 
Um leitor observa que as fotografias aqui publicadas não mostram pessoas. Diz sentir muita solidão nas minhas imagens. O textos, bem. Dia sim, dia não, se aproveita alguma coisa, segundo ele.
 
Olhando bem, raro leitor, verá que existem pessoas, sim, nas fotos. Mas o que eu posso fazer se elas se escondem atrás de árvores, deitam-se no algodão branco das nuvens, viram pássaros, flores, estátuas, peixes? Ou simplesmente desaparecem na neblina?
 
Algumas valem-se de sutil artimanha e afundam-se em repentinos penhascos, embrenham-se em densas ramagens. Outras, talvez mais tímidas, tornam-se invisíveis sob côncavas umbelas, capelos e guarda-chuvas.
 
De qualquer forma, as pessoas estão lá quando fotografo. Só que, depois, por alguma misteriosa porta, saem de cena sem avisar, passando incômoda sensação de ausência.

Os textos, bem. Não sei dizer quanto valem, se é que valem. Mas me apraz saber que, dia sim, dia não, o perspicaz e exigente leitor passa por aqui para julgá-los e, quem sabe até, de vez em quando, os absolve.
 
O importante é não perder o sentimento da coisa.
 

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Boa primavera a todos

Jorge Adelar Finatto
 
photo: j.finatto

Repousando sobre o galho pensador, meu amigo resolveu fazer uma pausa pra descansar e admirar o Vale do Olhar neste início de primavera. E cantou um pouco, também,  sobre o ramo da jovem caneleira no seu momento de solidão e meditação.
 
A vidinha do meu amigo não anda nada fácil. Conheço-o desde que, ainda menino, passou a freqüentar as árvores diante da janela do escritório. Agora ele tem família e precisa garantir o sustento dos filhotes e da companheira no ninho que não fica longe daqui. 
 
Já não existe muito alimento disponível na natureza para eles. As cidades avançam ferozmente sobre as matas e áreas verdes. Vivemos num país de 200 milhões de habitantes onde não se respeitam os direitos elementares das pessoas. Se para os seres humanos está ruim, imaginem para os pássaros e outros seres vivos.
 
Por dia, mais de 50 pássaros como o meu amigo vêm à varanda do escritório para comer as frutas que sirvo para eles. A maioria pega o pedacinho da fruta e leva para o ninho. Depois volta.
 
Que nesta primavera, que começa hoje no hemisfério sul, tenha mais justiça, beleza e alimentos para todos.