Jorge Adelar Finatto
Quem viu alguma vez uma joaninha caminhando na página de um livro ou sobre uma folha verde sabe do que estou falando. É talvez o acontecimento mais importante do universo.
Nenhuma literatura e nenhuma filosofia do mundo valem os passos da joaninha.
Só que pouca gente percebe o engenho e a arte por trás da construção da frágil joaninha.
Existem muitos outros assuntos importantes para se tratar, está bem. Um blog a sério não devia ignorar isso. Tudo bem.
O fato, contudo, é que me encanto com os farelos do mundo, com a coisa pouca ou nenhuma, como um raio de sol na janela. As coisas pequenas me atraem, me cativam, me elevam. As outras me enfadam, quando não revoltam.
Encontro beleza e claridade nos fanicos da existência.
Tudo que é breve e pequeno se parece com ser humano e com estar vivo e ser transitório, e isso me interessa sobretudo.
Os verdadeiros e últimos sentidos habitam além das aparências, é assim que eu vejo. E o que eu mais enxergo, quando penso profundamente na vida, é a pequenina joaninha. Talvez tudo isso não passe de mais um dos meus notórios enganos.
Encontro beleza e claridade nos fanicos da existência.
Tudo que é breve e pequeno se parece com ser humano e com estar vivo e ser transitório, e isso me interessa sobretudo.
Os verdadeiros e últimos sentidos habitam além das aparências, é assim que eu vejo. E o que eu mais enxergo, quando penso profundamente na vida, é a pequenina joaninha. Talvez tudo isso não passe de mais um dos meus notórios enganos.
O mundo silencioso das migalhas me é, por isso, muito caro e diz muito mais sobre o que nós somos - ou o que sou eu, ao menos - do que um tratado ontológico.
Quando se perde a palavra, é como se perdêssemos a vida. Deus nos livre e guarde.
Na arte, ao menos, podemos voar, sonhar um pouco, levitar acima dos mausoléus e crematórios existenciais.
Mas sei também que ninguém pode viver entre as nuvens.
Deve haver um caminho de passagem entre as farfalhas da biblioteca e a copa das estrelas; entre a imensidão da Via Láctea e os passos humildes da joaninha.
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Mas sei também que ninguém pode viver entre as nuvens.
Deve haver um caminho de passagem entre as farfalhas da biblioteca e a copa das estrelas; entre a imensidão da Via Láctea e os passos humildes da joaninha.
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photo de joaninha: fonte: Wikipédia. Autor: Jon Sullivan (PD-PDphoto.org]
Texto revisto, publicado antes em 25/11/2012.