Essa a visão de Passo dos Ausentes. O frio polar dos últimos dias prolonga o inverno no coração da primavera. As árvores floriram, os pássaros cantam, a bela estação começou, mas aqui nos Campos de Cima do Esquecimento o intruso insiste em não desocupar a sala. Uma indelicadeza.
Tem feito entre quatro e nove graus Celsius durante a tarde. Essas temperaturas contrastam com o cheiro doce das flores. À noite, ontem de madrugada, fez menos três graus. Mas a sensação era de menos 8 ou 10. Foi uma das noites mais frias do ano, ao menos pra mim.
Um homem, uma mulher não podem passar o dia na frente do fogão a lenha ou da lareira. O trabalho e as obrigações da vida reclamam nossa presença. Então é preciso sair do ninho. Só saio com o intimorato e nunca suficientemente louvado capote, afundado no calor da lã. E com o boné para evitar o contato do telhado com garoas e nevoeiros. O problema dos óculos: opacos.
Um peixe sonhando no aquário.
O inverno é um general farroupilha teimoso, que não quer abandonar os territórios perdidos para as alegres e coloridas tropas da primavera. Às vezes me pego sonhando viver num lugar solar como a Bahia. Mas temo que o inverno vá junto com seu arsenal de tempestades, raios, relâmpagos, trovadas e gelos. Melhor não envolver os baianos nisso.
Não sou contra o inverno, por favor. Gosto, até porque, em Passo dos Ausentes, não se tem outra escolha. Hoje pela manhã o gramado amanheceu branco. Bonito (olhar da janela). Enquanto isso, ouço a Sonata para violino e piano, segundo movimento, intermezzo, de Poulenc (Très lent et calme), que vai abrindo caminho de luz em meio à neblina.
Um sentimento de beleza vem das orquídeas nos vasos, troncos e galhos. Rara visão. Motivo para esperar que a primavera conquiste de vez o espaço que por direito lhe pertence.
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A misteriosa expedição da Nasa a Passo dos Ausentes:
http://ofazedordeauroras.blogspot.com.br/2011/08/misteriosa-expedicao-da-nasa-passo-dos.html
Um homem, uma mulher não podem passar o dia na frente do fogão a lenha ou da lareira. O trabalho e as obrigações da vida reclamam nossa presença. Então é preciso sair do ninho. Só saio com o intimorato e nunca suficientemente louvado capote, afundado no calor da lã. E com o boné para evitar o contato do telhado com garoas e nevoeiros. O problema dos óculos: opacos.
Um peixe sonhando no aquário.
photo: j.finatto |
O inverno é um general farroupilha teimoso, que não quer abandonar os territórios perdidos para as alegres e coloridas tropas da primavera. Às vezes me pego sonhando viver num lugar solar como a Bahia. Mas temo que o inverno vá junto com seu arsenal de tempestades, raios, relâmpagos, trovadas e gelos. Melhor não envolver os baianos nisso.
Não sou contra o inverno, por favor. Gosto, até porque, em Passo dos Ausentes, não se tem outra escolha. Hoje pela manhã o gramado amanheceu branco. Bonito (olhar da janela). Enquanto isso, ouço a Sonata para violino e piano, segundo movimento, intermezzo, de Poulenc (Très lent et calme), que vai abrindo caminho de luz em meio à neblina.
Um sentimento de beleza vem das orquídeas nos vasos, troncos e galhos. Rara visão. Motivo para esperar que a primavera conquiste de vez o espaço que por direito lhe pertence.
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A misteriosa expedição da Nasa a Passo dos Ausentes:
http://ofazedordeauroras.blogspot.com.br/2011/08/misteriosa-expedicao-da-nasa-passo-dos.html