O que restou da esperança em um país melhor e mais justo? O que vemos, nos últimos tempos, é mensalão, petrolão, apenas para ficar entre os escândalos de corrupção mais noticiados.
Será que é isso o que a sociedade brasileira merece? O que será do futuro das nossas crianças e dos jovens diante de tamanha desestruturação ética e econômica?
Não tenho nem nunca tive partido político. Votei algumas vezes no PT, porque admirava sua generosidade e suas bandeiras, entre elas a da honestidade e a do combate às causas da pobreza e das injustiças. Muita gente boa fundou e construiu o partido, muita gente idealista, sonhadora, batalhadora. Mas o ideal daquelas pessoas ficou para trás.
Os tempos mudaram. O PT mudou para pior. É claro que não é só o partido do governo que levou o país a essa triste realidade, há também os outros partidos e todo o desvalor na maneira de fazer política.
Mas do PT se esperava, por históricas razões, um comportamento diferente, uma práxis política alternativa ao sempre foi assim.
Mas do PT se esperava, por históricas razões, um comportamento diferente, uma práxis política alternativa ao sempre foi assim.
O país cai cada dia mais fundo. Ver uma empresa como a Petrobras, orgulho do Brasil, nessa situação calamitosa é um negócio muito sério e deprimente.
O que vai sobrar da empresa estratégica criada por Getúlio Vargas e construída por várias gerações de trabalhadores? Restará alguma coisa aos brasileiros ou tudo será vendido ou simplesmente entregue para cobrir o descalabro gerado pela corrupção?
As conquistas sociais dos últimos doze anos vão desaparecendo diante dos abismos criados pela má gestão. Os efeitos nefastos sobre a economia mal começaram e já se revelam insuportáveis, atingindo principalmente os mais pobres.
Na casa em que fui criado havia algumas regras. Claras, simples, peremptórias: não matarás, não roubarás, não praticarás falso testemunho, e outras. Os velhos e bons preceitos derivados dos Dez Mandamentos. Deles dimanavam normas de natureza caseira (casa de gente pobre e honesta): por exemplo, eu não podia apanhar bananas do aparador sem pedir autorização. Se o fizesse, o castigo era certo.
Exagero? Pode ser. Mas sou grato por isso. Nunca me passou pela cabeça apropriar-me de qualquer coisa que eu não conquistasse através do esforço, do trabalho, do sacrifício e do mérito.
Não consigo entender como é que alguns se sentem autorizados a lesar milhões e milhões de pessoas se apoderando de dinheiro que não lhes pertence, do que é patrimônio público de uma sociedade que precisa e merece ser respeitada.
Que tipo de educação receberam esses indivíduos, em que valores foram criados, quem foram seus pais? Como conseguem se olhar no espelho e para seus filhos?
Que tipo de educação receberam esses indivíduos, em que valores foram criados, quem foram seus pais? Como conseguem se olhar no espelho e para seus filhos?
Nessas horas, a gente precisa se agarrar em alguma coisa pra suportar. Eu me agarro à história das bananas.
Nos momentos de grave crise, como o presente, o que nos resta são os valores em que acreditamos.
A honestidade, a responsabilidade social e o amor ao país precisam, urgentemente, retornar às práticas do nosso dia a dia. Sob pena de não sobrarem nem as bananas no aparador.