Jorge Adelar Finatto
Celebro o começo do outono escutando o Concerto para violão e orquestra do maestro e compositor Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959). É uma comemoração discreta, íntima, como é o próprio outono. O concerto é uma obra que consagra o violão brasileiro e é, ao mesmo tempo, uma relíquia da humanidade. Villa-Lobos toca fundo as cordas do instrumento e dele colhe sublimes sonoridades.
A orquestra ao longe é a paisagem dentro da qual corre esse rio profundo e cheio de segredos.
Mestre das impossíveis harmonias, a música do maestro nos enche a alma. Somos tomados por um forte sentimento de gratidão. Na lápide do túmulo do compositor, no Cemitério São João Batista, na cidade do Rio de Janeiro, onde nasceu, lê-se esta inscrição: Considero minhas obras como cartas que escrevi à Posteridade sem esperar resposta.
Os tempos são difíceis no mundo, eu sei. Mas nas folhas dos plátanos a luz âmbar amadurece. O outono traz nas mãos amenas tardes de sol, ocres silêncios, travessias e mergulhos na misteriosa partitura da vida.
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Fotos: 1) J. Finatto. Cenário de outono; 2) Heitor Villa-Lobos, cerca de 1922. Fonte: Wikipédia. Autor desconhecido.
Vale a pena fazer uma visita ao site do Museu Villa-Lobos:
http://www.museuvillalobos.org.br/