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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

O Natal do afeto

Jorge Adelar Finatto

Nasceu Jesus. pintura do holandês Geertgen Tot Sint Jans (1460-1490).
apresenta Jesus resplandecente e um anjo brilha ao fundo
fonte: casa.abril.com.br *
 

Tem muita gente que pensa que Natal é coisa de presentes. A felicidade deste dia estaria em dar e receber algo material. Quanto mais caro o objeto, maior a alegria. Felizmente o Natal é infinitamente mais do que isso.
 
O espírito humano não se contenta com coisas materiais apenas. Essas, aliás, são o que menos importa. Para uma pessoa que não despreza sua espiritualidade, cada dia é uma procura incessante de sentidos para a vida.
 
A felicidade do Natal está em trazer à memória, de forma muito viva, a figura histórica de Cristo. O que ele trouxe de revolucionário, simples e verdadeiro.
 
Eu vos dou um novo mandamento, que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. (João 13:34)
 
O Natal traz a lição do amor ao outro.
 
Tens de amar o teu próximo como a ti mesmo. (Lucas 10:27)
 
A lição da compreensão, da redenção pelo perdão. Perdoar, ser perdoado. Não humilhar, não destruir, não matar. E ter presente a existência de Deus.
 
A enorme tristeza do Natal, na vida de muitos, não advém só da falta de presentes, mas da ausência de pessoas e de afeto nesse dia e em todos os outros dias do ano.

O amor humano, de que tanto o planeta está carente, é o que mais falta nos faz.
 
Cristo nos aponta o caminho do afeto para construir um mundo, não o da culpa e da raiva. Não encontrei até hoje, em nenhum sábio, poeta ou filósofo, síntese moral e ética mais reveladora e profunda do que esta.
 
Que tenhamos amor suficiente neste Natal. Afeto para encher o coração vazio e triste. Para acolher e sermos acolhidos.
 
A respeito de quem é realmente o nosso próximo, vale a pena ler a breve e transcendente passagem de Lucas 10:29-37.
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*site casa.abril.com.br: Natal: o nascimento de Jesus segundo grandes pintores
http://casa.abril.com.br/materia/natal-nascimento-de-jesus-pinturas#6
 

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Pequenas humanidades

Jorge Adelar Finatto 

photo: j.finatto

O problema, raro leitor, é que quando a pessoa deixa de gostar de si mesma a vida torna-se muito dura. A dela e a dos que estão por perto. Por isso é do interesse geral que todos sejam felizes ou, pelo menos, o mais próximo disso que puderem.
 
O infeliz arrasta o mundo para o buraco com ele. Qualquer um de nós já passou por isso. Aparece aquela nuvem carregada sobre a cabeça. Essa nuvem se expande com facilidade.

Nessas horas precisamos de uma palavra, um olhar, um aconchego para voltar a viver. Acontece que na vida de aparências em que estamos metidos somos cada vez menos estimulados a falar de nossos sentimentos. Somos esfinges no deserto.
  
Conheço pessoas que nada mais esperam da vida. Perderam a alegria de viver. Sobrevivem a duras penas. Não que queiram. Simplesmente aconteceu. Não sabem o que fazer. Têm medo de viver, de sonhar, de sofrer de novo. Os medos.
 
Esse estado de espírito é um dos principais legados da sociedade materialista, competitiva, agressiva e desumana em que vivemos. O outro é o inimigo em armas. Existe pouco espaço para a mansidão e a solidariedade.
 
Só o afeto tem o poder de nos reconciliar com o próximo e com a vida. Longe do calor humano tudo é o mesmo que nada.

Afeto não tem preço, não se aluga, não se compra, não se vende. Se dá e se recebe.

Não precisamos ser íntimos de alguém pra passar afeto. Isso se faz num gesto de gentileza, cordialidade, atenção.

São coisas simples que, enlaçadas, são capazes de causar uma grande revolução. Está todo mundo esperando e precisando muito dessas pequenas humanidades.

Eu acredito que podemos investir mais na nossa espécie, na reciprocidade dos bons gestos, no afago.

De mãos dadas a vida é outra.

Começo a terça-feira oferecendo a você essas palavras, minha amiga, meu amigo. Elas estão vivas. Cuide bem delas, dos outros, de si mesmo. Você merece. Nós merecemos.