Jorge Finatto
photo: jfinatto |
Escutei o relato de um médico, numa entrevista de rádio, a respeito de sua experiência com pacientes da covid-19. Trabalha num hospital de Porto Alegre. Disse que um paciente com cerca de trinta anos estava internado para tratamento de um câncer agressivo. Perdera a capacidade de falar em razão disso.
Durante a internação apresentou sintomas que o levaram ao teste do novo coronavírus. Enquanto aguardava o resultado, estava em isolamento no quarto há alguns dias.
O médico contou que, através de gestos, o homem fez um único pedido. Queria poder ver a filha. Foi-lhe dito que, naquele momento, isto não poderia ser diante do risco de contágio. De modo que teria de ficar só por enquanto.
Eu fiquei impressionado e triste com a história. Percebi como se fosse minha a enorme solidão daquele jovem submetido a tanto sofrimento. Pensei numa palavra que pudesse levar-lhe algum conforto. Não encontrei.
Quem já passou por hospital sabe que contamos minuto após minuto o tempo que falta para melhorar e ir embora. O único consolo que nos resta é a presença das pessoas que amamos. Só esta presença e a fé podem nos fortalecer.
Estou rezando por aquele homem, que Deus lhe dê ânimo e forças para vencer. Que nesta hora tremenda Deus ampare os doentes espiritualmente, não os deixe esmorecer, e salve a todos.