segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O ladrão de livros

Jorge Adelar Finatto

Entre as páginas de um velho livro, encontrei um recorte de jornal amarelecido. Nele se noticia que o homem considerado o maior ladrão de livros da história foi condenado, na Inglaterra, a 15 meses de prisão.

O inglês, cujo primeiro nome é Duncan, furtou, ao longo de 30 anos, mais de 40 mil volumes de bibliotecas, faculdades, igrejas e outras instituições.

O motivo alegado por Duncan, segundo a notícia, era um só: impressionar vizinhos e conhecidos com aparência de erudição. A polícia encontrou os livros guardados desde o porão até o sótão de sua casa de campo, no condado de Suffolk, leste da Inglaterra. Ele foi descoberto ao tentar vender uma das obras num leilão.

O principal objetivo de Mr. Duncan, como se vê, era alardear leituras que nunca fizera. Aliás, comportamento que não é privilégio dele. A vaidade literária se presta, em vários sentidos, à ostentação e esnobismo.

Há grandes leitores de orelhas e resumos de livros que acenam erudição, em conversas e através de resenhas, a respeito de obras que, na verdade, nunca leram. Esse tipo de "leitor" se faz presente em certo meio intelectual e em parte do jornalismo dito cultural. Claro que há pessoas que procuram fazer um trabalho sério. Mas os tempos são difíceis também nessa área.

Uma boa pena alternativa para Duncan, que a meu ver não deveria ir para a cadeia, seria a leitura de livros em asilos, hospitais, prisões e outras lugares, durante algumas horas por semana, para atender pessoas impossibilitadas de ler.

Quem sabe dessa forma ele adquirisse, enfim, o verdadeiro gosto pela leitura e, mais do que isso, descobrisse o quanto é bom ajudar a quem precisa por meio da literatura.