Como ele nunca teve pai para amar, sempre lhe pareceu que a coisa mais em falta no mundo não é dinheiro nem qualquer outro bem, mas um abraço de pai.
Quando menino, era difícil explicar aquela ausência para os outros. Na rua e na escola, as pessoas botavam olho, cara de admiração. Não ter pai era mesmo que não ter um braço ou uma perna.
A sombra da esfinge o perseguiu nos dias dos pais, aniversários, natais, páscoas, reuniões da escola, fins de semana, noites e dias sem fim. A falta projetou-se nos sonhos e pesadelos do menino.
O tempo passou. Um dia ele descobriu que outras casas também não tinham a figura misteriosa. Só que muita gente escondia isso. Estranho: escondiam um ser que não existia. Ocultavam o mito. Alguns possuíam apenas uma deprimente imagem de homem no sofá da sala.
Os sem-pai já não eram exceção. Talvez fossem maioria.
Ficou nele a idéia de que as mulheres, e não os homens, faziam o mundo funcionar.
Na verdade não era um consolo, mas a consciência de uma espécie de mutilação. Sempre faltava um pedaço.
A humanidade é toda seqüelada, ele pensa, enquanto caminha com o filho pela mão na praça do bairro, domingo à tarde. Pra ele agora todo dia é dia dos pais.
O tempo passou. Um dia ele descobriu que outras casas também não tinham a figura misteriosa. Só que muita gente escondia isso. Estranho: escondiam um ser que não existia. Ocultavam o mito. Alguns possuíam apenas uma deprimente imagem de homem no sofá da sala.
Os sem-pai já não eram exceção. Talvez fossem maioria.
Ficou nele a idéia de que as mulheres, e não os homens, faziam o mundo funcionar.
Na verdade não era um consolo, mas a consciência de uma espécie de mutilação. Sempre faltava um pedaço.
A humanidade é toda seqüelada, ele pensa, enquanto caminha com o filho pela mão na praça do bairro, domingo à tarde. Pra ele agora todo dia é dia dos pais.