Jorge Adelar Finatto
Lisboa, 8 nov. Um homem toca trompete na rua Garrett, no bairro do Chiado. Chove nesta terça-feira. O músico se protege na entrada de um edifício. Na Livraria Sá da Costa, escolho um livro de Fernando Pessoa. A poucos metros dali, no café A Brasileira, leio alguns poemas.
O café e os poemas espantam o frio do outono lisboeta. O nevoeiro se espalha sobre o Tejo.
O café e os poemas espantam o frio do outono lisboeta. O nevoeiro se espalha sobre o Tejo.
A famosa escultura de FP fica em frente à Brasileira. O poeta frequentava o café e a livraria.
A Brasileira é um lugar de peregrinação de pessoanos do mundo inteiro. À volta se ouvem os diferentes idiomas. Tem gente que aprende português para ler FP. Mais que merecido para quem escreveu poemas como o belíssimo Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Tenho saído à noite para ouvir o fado no Bairro Alto. O Bairro Alto é o lugar cult da cidade com suas vielas estreitas e inclinadas e o casario que se perde no tempo. A Tasca do Chico é exemplar. Ali se canta o fado vadio, que é aquele cantado por amadores (os que amam essa música).
Amadores nessa hora tardia e sentimental, que cantam sem nada receber, a não ser o carinho e os ouvidos em oração das pessoas que enchem o pequeno local. Entre os cantores, às vezes comparecem luminares da canção portuguesa, como a jovem e extraordinária Mariza.
Amadores nessa hora tardia e sentimental, que cantam sem nada receber, a não ser o carinho e os ouvidos em oração das pessoas que enchem o pequeno local. Entre os cantores, às vezes comparecem luminares da canção portuguesa, como a jovem e extraordinária Mariza.
Atravessar o oceano para ouvir o fado, no seu ambiente, é uma coisa que vale a pena nesta vida breve.