Jorge Finatto
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Eu quero falar das azaleias que florescem pelas ruas da cidade preparando a primavera que não tarda. Um respiro num momento difícil.
Para quem como eu deplora a vulgaridade, a grossura e a visão autoritária, este é um tempo mau. Vivi o suficiente para saber que não existem salvadores da pátria. Que, por pior que seja, a democracia ainda é o menos ruim dos regimes políticos (parafraseando Winston Churchill). E que misturar política com religião não é bom sinal.
A tentativa de impor os próprios valores sobre os demais deve ser vista com preocupação. Tenho receio dos que se arvoram em donos da verdade verdadeira. Dos que falam sem parar, não escutam e não dialogam com quem pensa diferente. Esse comportamento desconhece a alteridade. Percebo o país à beira de um possível retrocesso, que esperamos não aconteça.
Mas as azaleias estão aí. Mostrando que há vida acima das vãs e perigosas vaidades do poder. Que a nossa esperança não se intimide diante da intolerância e da estupidez. A primavera vencerá a treva.