Os motivos de ser feliz são simples. Um vaso de flor sobre a mesa, o sorriso de alguém, o quarto em sossego nos fundos da casa.
O som das gotas da chuva sobre um balde no quintal. Os passarinhos livres, cantando seus fados.
Un recuerdo del corazón...
Um dia ele foi feliz sentado num banco de praça, a Praça dos Açorianos, em Porto Alegre, a poucos metros do Guaíba. Ela estava ali junto com ele. Em torno do banco, os galhos de um salgueiro-chorão vinham até o chão, formando uma redoma de fios verdes sobre o casal.
As águas do lago passam lentamente sob os arcos da vetusta Ponte de Pedra. Era inverno, tarde de sábado, ele emprestou seu casaco a ela.
Uma nesga azul aparecia entre as nuvens.
Por que, na ampulheta de ser feliz, o tempo escorre feito cachoeira?
Estar sentado com ela, no silêncio verde da redoma de um salgueiro, na Praça dos Açorianos, fazia dele um homem feliz. Perigosamente feliz.
Uma nesga azul aparecia entre as nuvens.
Por que, na ampulheta de ser feliz, o tempo escorre feito cachoeira?
Estar sentado com ela, no silêncio verde da redoma de um salgueiro, na Praça dos Açorianos, fazia dele um homem feliz. Perigosamente feliz.
A memória daquelas tardes ficou impregnada na sua alma. Não como uma ferida: como celebração. Essa é uma das razões que o fazem pensar, nessas longas noites sem sono, que não passou pela existência em vão.
No fundo do espelho das águas do lago, a imagem do jovem casal ficou para sempre guardada.
No fundo do espelho das águas do lago, a imagem do jovem casal ficou para sempre guardada.