Jorge Finatto
Chet Baker, 1983. foto: Michiel Hendryckx Wikipedia |
Faz hoje 32 anos que Chet Baker (1929 - 1988) morreu após despencar da janela de um quarto de hotel em Amsterdam. Nunca se esclareceu se foi suicídio ou morte acidental. Um mistério.
O que não é mistério é a enorme contribuição dele ao jazz e à música. Com seu maravilhoso trompete e sua voz cálida, quase sussurrada, inventou uma nova maneira, personalíssima, de fazer música.
Aos 58 anos perdeu a vida, uma vida atormentada que lhe pregou dolorosas peças. O envolvimento com as drogas foi um capítulo dramático em sua existência.
Aos 58 anos perdeu a vida, uma vida atormentada que lhe pregou dolorosas peças. O envolvimento com as drogas foi um capítulo dramático em sua existência.
A música foi sua salvação. Nos palcos onde pisou, com big band ou solitário, uma aura de silêncio tomava conta quando, sentado, silhueta esguia, empunhava seu instrumento. Naquele diminuto território ele era o mágico senhor dos sons e sentimentos.
No vasto fundão do universo, imagino que, em certa noite de melancolia, Deus criou Chet para aquecer o seu coração e o coração dos homens.
Não me abandones*a Chet Baker
Não me abandones
povoa a noite
com teu suprimento
de afeto
enche o deserto
com teus passos
em segredo
devolve-me
a delicadeza
daqueles dias
me dá outra vez
o diamante
da tua
presença
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*Do livro O Habitante da Bruma, Jorge Finatto, Editora Mercado Aberto, Porto Alegre, 1998.
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