terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Mares de 2014

Jorge Adelar Finatto 
 
Veleiro Cisne Branco. photo: Marinha do Brasil
 

Espero que neste novo ano cada um consiga levar seu barco pela vida da melhor maneira possível. De preferência sem grandes tempestades. Sobretudo, sem nenhum naufrágio.  Boas histórias nos reserve a travessia, com belas pessoas, ilhas e portos por conhecer. Se fizer chuva e ventania pelo caminho, que encontremos abrigo seguro e tenhamos no coração a lembrança dos dias de sol.

Desejo aos leitores saúde durante a viagem. Tudo de bom. Afeto, convivência, compromisso. Ânimo, muito ânimo pra fazer o que precisa ser feito.

Os passos do silêncio, as necessárias mudanças interiores, sem as quais nada mudará. E força, muita força pra deixar pra trás o irremediável.
 
Algumas coisas. A nesga de sonho na janela da realidade. Um pala novo de lã crua pra enfrentar o vento, a chuva, a solidão e o medo. Um novo amigo, amiga.
 
Quero abandonar a idéia de perfeição, abraçar a do possível, a do que é em movimento. Vou esquecer as desilusões e mágoas e isso vai ser um grande passo.

Quero livros com letras maiores. Lentes mais leves nos meus óculos.
 
Perdoar a quem nunca pediu perdão e ser perdoado. Acreditar mais nas pessoas, duvidar menos da vida, da existência após a morte e de mim.
 
Encontrar bons livros e conhecer novos autores que se ocupem mais do que escrevem do que com suas fulgurantes pessoas. O mesmo vale pra músicos, filósofos, jornalistas, médicos, operadores do Direito, atores, esportistas, blogueiros, vaidades gerais.
 
Comprar um barco a vela, concluir a leitura de Em Busca do Tempo Perdido, compreender melhor meus dessemelhantes, conhecer a Índia, passar uma tarde em Plutão. Ter mais paciência com o Brasil. Lembrar onde esqueci meu velho guarda-chuva.
 
Em 2014 vou tomar mais banho de chuva, subir mais vezes no telhado para observar as nuvens de perto.
 
Construir uma escada em caracol solta no espaço e, lá no alto, vou desenhar uma janela para admirar as flores do pátio e as estrelas sem fim.
 
Conversar mais com Deus, domesticar o medo de morrer assim de repente, sem me despedir de ninguém.
 
Que o tempo a ser escrito valha a pena, palavra por palavra.
 
 
photo: j.finatto